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A prisão de Júlio Garcia

Além de presidente do Legislativo ele é hoje o mais próximo do chefe do Executivo
A prisão de Júlio Garcia
Por João Paulo Messer Em 19/01/2021 às 16:22

Desde que eclodiu a bomba da Operação Alcatraz havia suspeitas de que aquilo que ocorreu hoje pudesse acontecer. Imaginava-se antes ou mais tarde, mas a operação neste dia foi surpresa. Não que o deputado não esperasse. Pessoas mais próximas a ele vinham em meio a rumores que sugeriam “o pior”.

Proporcional ao tempo e poder que o homem exerce é a suspeita, e de alguns uma espécie de torcida, para que isso ocorra. Afinal, esta é a realidade de um país que torce mais para que acusados sejam presos e expostos do que torcem pelo fim da corrupção. Para muitos o melhor para si não é tão bom quanto é boa a desgraça para os seus adversários ou apenas “os outros”. Digo isso não apenas para revelar minha tristeza com o desfecho do caso, mas também para lamentar que a gente tenha que conviver com a informação da prisão do mais importante líder político da região hoje.

Se há crime que o autor ou autores sejam investigados, julgados e condenados. O que se lamenta é que o preso é o homem que hoje tem o maior poder de articulação política e porque ele é do sul do Estado. O Sul perde com isso. Alguém pode dizer: “mas a Justiça ganha”. Sim, não há argumento que conteste a necessidade de que se faça Justiça, nem líder algum acima da Justiça.

O que resta são dúvidas de até onde os tentáculos da operação alcançarão. Assim como não me atrevo a opinar sobre o tamanho do impacto que esta operação significa na carreira do líder político Júlio Garcia. Terá ele encerrado a carreira”? Esta é a pergunta mais frequente. Penso que está longe. Ele dirá que provará a sua inocência. Nem todos acreditarão. Seus recursos jurídicos por certo o devolverão às sessões da Assembleia Legislativa quando elas forem retomadas, mas a mancha ficará.

Resumo tudo dizendo que não acho nada interessante, nem como notícia, quando acompanho uma operação como esta. Penso sempre que há outros bem mais suspeitos assim como penso que há milhares de pessoas que viveriam bem melhor com qualquer percentual do dinheiro que se atribui tenha sido desviado.

O papel é da Justiça, não da imprensa, muito menos minha e dos meus para julgar o ocorrido. Nos resta acompanhar com tristeza que a eterna suspeita que lançamos sobre todos os que ocupam os poderes seja, até que provem em contrário, corroborada por ações policiais.