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Da frustração à esperança: Serra da Rocinha e o sonho da conclusão

No trecho catarinense, falta apenas um quilômetro para o término das obras
Da frustração à esperança: Serra da Rocinha e o sonho da conclusão
Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus
Por Rafaela Custódio Em 04/04/2023 às 09:35 - Atualizado há 8 meses

Matéria atualizada no dia 14 de agosto - A rodovia federal mais desejada do Sul catarinense: é assim que podemos definir a BR-285, estrada que liga os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A obra completará sete anos em 2023. Um trabalho que vem trazendo frustração para moradores e comerciantes, mas que também carrega esperança, sonhos e, principalmente, o objetivo de desenvolvimento para toda uma região. Foram mais de 70 anos de espera e desde 2016 as máquinas e profissionais trabalham nos trechos. 

Há exatos dois anos, o Portal Engeplus visitou a obra. O roteiro de nossos jornalistas pelo local, na época, teve como resultado a reportagem "Serra da Rocinha: uma rodovia bioceânica que trará desenvolvimento e economia ao sul catarinense". Agora, dois anos depois, nossa equipe visitou novamente a rodovia federal e mostra a partir de agora o que mudou de lá para cá. As mudanças começaram em 2016 com a remoção da cobertura vegetal - a primeira etapa para a execução da rodovia, exigindo a adoção de uma série de medidas mitigadoras dos impactos ambientais previstos no processo de licenciamento. 

Sobre a Serra da Rocinha 

Antes de visualizar o que mudou ou não durante as obras da rodovia, é importante entender o que de fato é a BR-285. A rodovia tem 744,3 quilômetros de extensão entre Araranguá e São Borja (RS), na fronteira com a Argentina, onde se conecta com a Ruta Nacional 14 por meio da Ponte Internacional sobre o Rio Uruguai.

A rodovia também desempenha papel estratégico dentro do Mercosul e destaca-se por seu forte potencial turístico. Com a conclusão da obra, a BR-285 se tornará uma rodovia bioceânica, pois ligará Brasil, Argentina e o litoral do Chile, que é banhado pelo Oceano Pacífico. 

Foto: Divulgação/Dnit

Os trabalhos no lado catarinense

O trecho catarinense conta com 22 quilômetros, sendo que 21 deles já estão concluídos com trechos em asfalto na área urbana na cidade de Timbé do Sul (SC) e em concreto na Serra da Rocinha. O trecho conta com quatro viadutos, duas pontes e o Contorno de Timbé do Sul em operação. No km 39, na localidade da Serra da Rocinha, está sendo finalizada a construção do posto que servirá de base para a Polícia Rodoviária Federal (PRF). 


Posto da Polícia Rodoviária Federal na BR-285 - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Conforme o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o último quilômetro a ser pavimentado corresponde a trechos descontínuos na Serra da Rocinha, entre o km 50,6 e o km 55,0, onde o principal trabalho é a execução de contenções de encostas em diferentes pontos suscetíveis a escorregamentos.

No lote catarinense do empreendimento existe cerca de um quilômetro ainda não pavimentado - entre o km 50,6 e o km 55,0 da Serra da Rocinha. Esta distância está dividida em seis trechos, que correspondem aos pontos onde estão sendo executadas as obras de contenção de encostas, que são necessárias para posterior implantação da plataforma rodoviária. 

Trecho não pavimentado na Serra da Rocinha em SC - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Valores investidos no trecho catarinense 

Ao Portal Engeplus, o DNIT informou que possui mais de R$ 22 milhões empenhados para a continuidade dos trabalhos neste ano de 2023. A obra tem valor inicial de R$ 95,5 milhões. Atualmente o valor total do lote catarinense é de R$ 173,3 milhões (já com os reajustes), sendo que o DNIT já executou R$ 153,2 milhões. Este lote tem previsão de conclusão em março de 2024. 

“Conforme o planejamento e cronograma, caso não haja intempéries, como a de março deste ano em Timbé do Sul, queremos entregar esta obra em março de 2024. Confiamos na empresa e nos prazos. Somos o estado que está em 1º lugar em contrato de construções e a finalização da obra da BR-285 é uma das nossas prioridades”, afirma o superintendente Regional do Dnit, Alysson Rodrigo de Andrade.

De acordo com o superintendente, a obra no lado catarinense teve problemas com o preço de insumos e também com a chuva foram o principal motivo do atraso na entrega da obra. “Em Santa Catarina temos um desafio muito grande que é aumentar a condição de toda a malha, que hoje 51% é boa, esteve em 36% no final do ano passado e a meta é elevar em 70% no final do ano. Para isso precisamos de 100% de contratos de manutenção cobrindo todas essas rodovias. Uma das razões pelas quais ainda não acabou é também a chuva, porque se trata de encostas e as pedras descem sucessivamente e atrapalham o andamento do trabalho”, explica. O anúncio aconteceu durante vistoria na obra, fruto de articulação da deputada federal Geovânia de Sá (PSDB), que também é membro da Comissão sobre Obras Paralisadas e Inacabadas da Câmara dos Deputados.  

“O prazo dado foi março de 2024, mas temos que ter o dia também para poder pressionar. Fiz a provocação para que seja dia 30. Vamos ver se vão concretizar, mas pela apresentação do superintendente tenho esperança”, afirmou a deputada em entrevista ao Portal Engeplus.

Trecho catarinense em obras - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Atualmente, a rodovia está fechada para o trânsito em virtude das obras, mas o tráfego é liberado em determinados horários, no sistema de comboio. Confira abaixo: 

De segunda a sexta-feira

Subida: 7 horas e 17h30

Descida: 7h30 e 18 horas 

Sábados e domingos 

Interditada

Rotas alternativas:

• BR-116, de Vacaria/RS a Lages/SC, seguindo pela SC-114 e SC-390 até a BR-101 em Içara/SC ou Sombrio/SC.

• RS-110, que liga os municípios gaúchos de Bom Jesus e Terra de Areia (na BR-101) pela Rota do Sol; 

• RS-020 em direção a Cambará do Sul, cujo acesso pela BR-285 fica a cerca de quatro quilômetros da divisa entre RS e SC, devendo o motorista seguir pela Serra do Faxinal (RS-427 e SC-290) até Praia Grande/SC.


Trecho da BR-285 no Rio Grande do Sul - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Trecho do Rio Grande do Sul ainda sem data definida para a conclusão

Para a reportagem do Portal Engeplus, o DNIT esclareceu que as obras já foram iniciadas no trecho do Rio Grande do Sul. No momento está sendo concluída uma das duas pontes que terão adaptações para a passagem de fauna. A estrutura, que fica localizada no município de São José dos Ausentes (RS), tem 46 metros de extensão. Na sequência, serão iniciadas as obras na segunda ponte, que também possuirá adaptações para a passagem de animais, e terá extensão de 66 metros. As atividades envolvendo a terraplenagem dos 8 km do lote gaúcho e a construção da ponte de 400 metros sobre o rio das Antas serão iniciadas a partir da aprovação final do projeto, porém não foi informado qual a data final. 


Trecho do Rio Grande do Sul ainda sem pavimentação - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Com relação aos valores, o lote gaúcho tem investimento total de R$ 107 milhões, considerando o preço inicial do contrato (R$ 72 milhões) somados aos reajustes.  Até o momento, foi aplicado no local cerca de R$1,1 milhão

A reportagem do Portal Engeplus visitou São José dos Ausentes (RS) para conversar com o prefeito da cidade, Ernesto Boeira, sobre o impacto das obras da BR-285 para o município. “A demora da obra impacta diretamente no desenvolvimento da região e, principalmente do município de São José dos Ausentes, uma vez que prejudica o turismo, em razão das estradas, pelo estado de trafegabilidade. Além do mais, prejudica também diretamente no escoamento da produção, tendo em vista que se trata de um município com suas atividades totalmente voltadas para a agricultura e a pecuária", afirmou. 


Entrada da cidade de São José dos Ausentes (RS) - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Boeira tem expectativa realista sobre a conclusão dos trabalhos no trecho gaúcho. "O município tem grandes expectativas para a conclusão da obra e acredita que isso aconteça dentro dos próximos dois anos", destacou. 

Ao ser questionado sobre as medidas que o município tem tomado com relação a agilizar a tramitação junto ao Governo Federal, o prefeito comentou que realiza visitas ao DNIT. "Sempre que possível o município, por intermédio de seus representantes, realiza visitas ao DNIT, tanto em Porto Alegre, quanto em Brasília, no intuito de estar sempre a par do andamento das obras. Outrossim, em diversas tratativas com a bancada gaúcha dos deputados federais, os mesmos têm aportado recursos para a referida obra. A expectativa é que o novo governo aporte recursos para a finalização da obra", comentou Boeira. 


Prefeitura de São José dos Ausentes (RS) - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

"Cumpre salientar que, desde que iniciou a obra o município, por intermédio de autorização legislativa, tem firmado Convênio com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER/RS) para manutenção da RS-020, no trecho que liga o município de São José dos Ausentes até o entroncamento com a BR-285", emendou. 


Rodovia RS-020 citada pelo prefeito Ernesto Boeira - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Moradores, comerciantes e trabalhadores falam sobre a rodovia federal 

Jeferson Freitas é morador de Criciúma e realiza recapagem de pneus agrícolas para as pessoas que plantam batatas. Com isso, trafega pela BR-285 semanalmente. "Os trechos que não estão prontos são complicados. Para chegar em São José dos Ausentes é difícil e, com certeza, é o trecho mais difícil da rodovia", observou. Ele ainda destaca que quando a rodovia ficar pronta, será mais prático realizar o trajeto. "Não demora tanto, pois quando chove tem perigo de deslizamento e acaba trazendo medo e insegurança para quem trafega na rodovia federal", completou. 


Jeferson Freitas realizando o trajeto da BR-285 - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

O morador de Criciúma ainda ressaltou a praticidade que a obra terminada trará. Confira abaixo: 

Sandro da Rosa, morador de Timbé do Sul, é caminhoneiro e transporta toras de madeira. "Utilizo a BR-285 todos os dias, porque vou para Bom Jesus buscar a madeira. São 200 quilômetros diariamente, sendo 14 deles de serra. É sofrido percorrer a rodovia federal. O caminhão vive de manutenção e os horários da estrada são ruins", comentou. "Hoje um pneu dura quatro meses, quando a Serra da Rocinha estiver pronta, utilizaremos um pneu por oito meses, ou seja, dobraremos o tempo de uso, isso gera economia também. Faço esse trajeto há um ano e seis meses e não vejo diferença na obra neste período, isso me preocupa", acrescentou. 


Sandro da Rosa realiza o trajeto da BR-285 diariamente - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus

Gilmar Nascimento Pereira e Lucas Borges Pereira são funcionários de uma empresa de Sombrio e utilizaram a BR-285 para chegar em São Luiz Gonzaga para entrega de um contêiner. "Fomos surpreendidos ao passar pela rodovia federal. Não imaginávamos que estava tão ruim. Perdemos muito tempo na BR-285 em virtude da estrada. Os motoristas que trafegam por aqui precisam de cuidado e sorte, pois pode estragar os veículos", comentou Nascimento. 


Legenda: Gilmar Nascimento Pereira e Lucas Borges Pereira - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus

O caminhoneiro Antônio Sérgio da Costa, transporta madeira de São José dos Ausentes para Bom Jesus (RS). "Trafego por cinco quilômetros da BR-285 aqui no Rio Grande do Sul, são cinco quilômetros, mas leva mais de 30 minutos. Se estivesse asfaltado faria em 10 minutos. O lado gaúcho está mais parado que em Santa Catarina. Para os caminhoneiros essa rodovia pronta seria muito bom, pois a produção sai tudo daqui. Esse trajeto é bem complicado. Em virtude das condições da estrada, as madeiras são levadas para Bom Jesus, são cortadas e depois transportadas para Itajaí e fazem o caminho pela Rota do Sul ou Lages. A quilometragem aumenta muito e quando a rodovia federal ficar pronta tudo vai melhorar tanto para o Rio Grande do Sul quanto para Santa Catarina", observou. 


Trajeto percorrido pelo caminhoneiro Antônio Sérgio da Costa - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

O morador de Timbé do Sul, Dircei Duarte, de 76 anos de idade, conversou com a reportagem do Portal Engeplus há dois anos e nos reencontrou novamente. "Nos últimos anos não mudou muita coisa. Ninguém nunca conversou conosco sobre o prazo final", destacou. Ele possui um restaurante há seis anos na beira da rodovia federal e tem tido problemas. "Não podemos mexer na entrada do comércio e aguardamos que seja feito um recuo para que os motoristas possam entrar, mas ainda está enrolada essa situação", contou. 


Dircei Duarte em frente ao seu comércio - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Ele foi um dos moradores indenizados e já construiu sua nova residência e um comércio ao lado. Mas, a família de Neri Crisanto Rosa, que também conversou com o Portal Engeplus há dois anos, não conseguiu o mesmo resultado até hoje. "Há 40 famílias que ainda não foram indenizadas e possuem audiências marcadas. Se nos pagarem, vamos sair daqui com certeza. É muito barulho em virtude dos caminhões. É um descaso, essa é a verdade", comentou a filha de Neri, Alexsandra Rosa de Oliveira


Residência da família de Neri Crisanto Rosa - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Morador de São José dos Ausentes, Cleber Daniel Pazini é proprietário de uma Agência Operadora de Turismo e atende dentro da Pousada Vale das Trutas e os hotéis da cidade. Ele ressaltou que os comerciantes, empresários e toda a economia da região têm sofrido com a demora das obras.

Deslizamentos na BR-285 

A reportagem do Portal Engeplus percorreu a Serra da Rocinha no dia 10 de março e encontrou pontos com deslizamentos de encostas. No último dia 22, devido às fortes chuvas que atingiram o Sul de Santa Catarina, novos deslizamentos foram registrados e o Dnit respondeu sobre os fatos. 

“Sobre os pontos de deslizamentos a Autarquia ressalta que quando ocorrem, a construtora responsável atua na imediata avaliação do local e prioriza a liberação da pista ao tráfego com garantia de segurança aos usuários. Fatores como as condições climáticas e o tipo de material a ser destinado influenciam nas etapas seguintes de limpeza e reparação. Salienta-se ainda que serão iniciadas as atividades de empresa contratada para manutenção e conservação da rodovia entre o km 33,8 e o km 50,6, o que deve contribuir para o atendimento mais célere destas ocorrências”, informou o órgão. 


Deslizamento registrado pela reportagem no dia 10 de março no trecho catarinense - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus 

Presidentes da Acic de Criciúma e do Porto de Imbituba falam sobre a expectativa da obra 

A Associação Empresarial de Criciúma (Acic) sempre esteve envolvida com o desenvolvimento da infraestrutura do Sul de Santa Catarina. A entidade se preocupa com obras consideradas providenciais para alavancar o escoamento da produção e acelerar o crescimento do turismo na região Sul do Estado. Entre as obras, a associação já pediu apoio do Governo do Estado para pleitear junto ao Governo Federal a triplicação da BR-101 e a conclusão no lado gaúcho da pavimentação da BR-285.

“Temos o compromisso com outras associações empresariais de trabalhar o Aeroporto Regional de Jaguaruna, por exemplo. Esse é o nosso compromisso. Já a BR-285 liga Timbé do Sul ao Rio Grande do Sul. A parte de Santa Catarina falta pouco. Depois tem a do RS. E com isso os produtos viriam para cá e para o Porto de Imbituba, teríamos uma movimentação importante para SC e vamos bater nesta tecla para também aumentar os negócios internacionais de nossa região”, argumenta o presidente da Acic, Valcir José Zanette


 Presidente da Acic, Valcir José Zanette. - Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus

O presidente da Acic afirmou que está acompanhando a obra da BR-285. "Nós estamos acompanhando vários trabalhos, várias estradas e o desenvolvimento da nossa região. Conversamos com o Governo e também com a construtora responsável pelos trabalhos e alegaram que faltam pouco para a conclusão do trecho catarinense. Garantiram que até setembro vão concluir", destacou. "Apesar de que no Rio Grande do Sul estão em fases de projetos, em Santa Catarina já está quase concluída, isso é importante. Hoje, há necessidade de termos melhores estradas, aquela obra é considerada de suma importância para a região da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc). O aspecto turístico de todo Sul vai mudar. Teremos uma boa rodovia e uma estrada preservada que traz turistas, escoamento de produtos, gira a economia e todo mundo cresce", acrescentou. 

Zanette comentou que a conclusão da rodovia federal trará produtos para o Porto de Imbituba, por exemplo. "Teríamos uma movimentação importante para o porto. Às vezes as pessoas não têm a dimensão que essa rodovia trará, entretanto, posso citar a duplicação da BR-101 Sul. O quanto a duplicação demorou, mas quando chegou, trouxe muito desenvolvimento e assim será a BR-285. Infraestrutura e mobilidade são pontos importantes da economia", garantiu. "Quando tem uma boa estrada, o empresariado investe ao longo da via. Tendo boas estradas teremos muitos investimentos e isso anima", pontua. 

O diretor-presidente SCPAR Porto de Imbituba, Luís Antônio Braga Martins, conta que para atender a crescente demanda de movimentação de cargas, o porto planeja investir em um pacote de melhorias visando aumentar o número de berços para atracação simultânea de até seis navios. Quando concluída, a ampliação tornará o Porto de Imbituba o maior de Santa Catarina em extensão acostável para embarcações, com aproximadamente 1,6 km de cais linear. Hoje, o complexo portuário conta com três cais e pode receber até quatro embarcações ao mesmo tempo.

Os planos de expansão devem se concretizar no médio prazo, mas já devem começar a se tornar realidade nos próximos 30 dias, com a perspectiva de início da recuperação e ampliação do Cais 3. As intervenções no Berço 3 estão em fase final de projeto executivo e significam a maior e mais importante obra até então realizada pela SCPAR, um aporte de mais de R$ 92 milhões, totalmente custeado pela Autoridade Portuária.


Porto de Imbituba mira ampliação na área de acostagem. Foto: Divulgação/SCPAR Porto de Imbituba

Com previsão de entrega em 2025, o reforço estrutural do Cais 3 alargará o berço e permitirá maior automatização, permitindo a instalação de novos equipamentos de movimentação de cargas, como shiploader. O Cais 3 receberá, também, dois dolfins, um de atracação e um de amarração, para viabilizar o recebimento de navios maiores, passando do limite atual de 205 metros (LOA) para embarcações com até 300 metros. Após a obra, o planejamento da SCPAR é realizar a dragagem de aprofundamento do local, equiparando a capacidade de calado máximo do Berço 3 a dos Cais 1 e 2, que possuem profundidade de 15 metros. 

"O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, tem dado atenção aos portos catarinense e em especial ao de Imbituba. Foi criada a Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias e isso também nos ajuda, pois estamos ampliando e nossa movimentação está crescendo ano a ano. A BR-285 é importante porque descendo a Serra da Rocinha o porto mais próximo é o de Imbituba. Nossas obras também são pensadas visando a conclusão da rodovia federal", explicou o diretor-presidente SCPAR Porto de Imbituba. 

Martins ressalta que o turismo também será fomentado. "É algo muito maior do que podemos imaginar. Pois além de trazer escoamento da produção, teremos o turismo. A Serra da Rocinha será igual a Serra do Rio do Rastro, ou seja, trará turismo, isso gera economia", observou. 

Para o diretor-presidente a geração de emprego também é algo que deve aumentar com as conclusões. "A cadeia vai puxando tudo, ou seja, empregos serão criados. A economia vai girar ainda mais. Toda essa integração vai ser muito benéfica, esperamos com bastante expectativa a finalização das obras", destacou. 


Porto de Imbituba recebendo exportação - Foto: SCPAR Porto de Imbituba

Além dos avanços estruturais, a gestão do Porto também está focada no implemento de melhorias na automação e modernização dos processos de tecnologia da informação. Está prestes a reabrir processo de licitação do novo data center, para ampliar não apenas a capacidade de armazenagem e processamento de dados, como a segurança das operações. 

Lideranças políticas comemoram obras da BR-285 

"A BR-285 tem papel fundamental para o crescimento econômico da região sul, tivemos grandes avanços nas obras durante o Governo do Presidente Jair Bolsonaro e agora falta pouco para a inauguração. A rodovia tem entre suas principais funções proporcionar mobilidade ao tráfego de longa distância, além de promover a ligação de municípios da região norte gaúcha e do extremo sul catarinense. Ela trará ainda outros benefícios como a expansão econômica da região, o crescimento da atividade turística e a criação de um novo corredor logístico para o escoamento da produção agrícola”. 

Daniel Freitas (PL), deputado federal. 
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"A BR-285 é de extrema relevância para o desenvolvimento do nosso Estado, tendo em vista que ela representa uma conexão com o Estado vizinho, Rio Grande do Sul, condição que a torna de extrema importância para o aspecto logístico, facilitando o escoamento de cargas e ligação com os portos, como o de Imbituba, por exemplo, o fomento do turismo da região dos canyons, bem como de todos os municípios que a rodovia conecta. Enquanto deputada e integrante da Frente Parlamentar Catarinense, tenho atuado na capital federal para que essa obra seja concluída o mais breve possível. Esta é uma luta de mais de sete anos. No dia 1º de março, em reunião com o Ministério dos Transportes, cobramos uma solução e o Governo Federal assumiu o compromisso de entregar os 600 metros de pavimentação, do trecho catarinense da BR-285, que ainda faltam ser concluídos. Agora, precisamos fiscalizar para que isso se concretize". 

Geovania de Sá (PSDB), deputada federal. 

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“Sempre fiz questão de destacar a importância da Serra da Rocinha para o Sul do Estado e, por isso, me empenhei muito para a sua conclusão. A rodovia será fundamental no desenvolvimento do nosso Sul, escoando a produção agrícola e industrial da Serra Gaúcha através do Porto de Imbituba, além de impulsionar o turismo, garantindo segurança e conforto para aqueles que ali vivem e passam. Estaremos cobrando a conclusão para que possamos ter de fato um novo e importante corredor de desenvolvimento, ligando o Litoral Catarinense a Serra Gaúcha". 

Ricardo Guidi (PSD), deputado federal. 
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A deputada federal Júlia Zanatta (PL) não respondeu aos questionamentos da reportagem. 

DNIT realiza ações de incentivo ao turismo sustentável 

A expansão do turismo é um dos principais impactos econômicos positivos esperados com a conclusão das obras de implantação e pavimentação da BR-285 nos trechos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, empreendimento executado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Com a Serra da Rocinha facilitando a conexão, ampliam-se as possibilidades de experiências diversas em um único roteiro unindo São José dos Ausentes (RS) e Timbé do Sul (SC). O território é repleto de atrativos naturais e culturais capazes de despertar sentidos e emoções em todas as épocas do ano, potencial que a Gestora Ambiental busca fomentar no âmbito das suas ações educativas e de comunicação social.

Identificado no diagnóstico participativo realizado pela equipe ainda em 2016, o tema passou a ser trabalhado de forma transversal nas atividades com a comunidade. Diversos produtos foram elaborados de maneira conjunta no período, como vídeos, exposições fotográficas, feiras e eventos. Uma das iniciativas mais recentes é o projeto Diálogos sobre Educação Ambiental, cujo objetivo é disponibilizar conteúdo audiovisual para uso pedagógico das instituições de ensino e estimular o debate na sociedade como um todo. Em fevereiro deste ano foram lançadas as duas últimas videoaulas, sendo que o módulo de fechamento aborda justamente a questão do turismo sustentável. 


 Turismo na BR-285 pode se tornar cada vez mais comum - Foto: Divulgação/Dnit 

O educador ambiental Cauê Canabarro salienta que esta modalidade de turismo é uma alternativa que alia desenvolvimento com a conservação da biodiversidade. “Buscamos evidenciar esse potencial para que a comunidade se aproprie da discussão e possa pensar no seu futuro não apenas a partir das obras na rodovia, mas também da valorização do seu território”, finalizou. 

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