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Paciente canta e toca violão durante cirurgia

Os testes realizados durante o procedimento foram além da interação por meio de gestos e fala entre paciente e equipe cirúrgica.
Paciente canta e toca violão durante cirurgia
Foto: Divulgação/ Notisul
Por Mariana Noronha Em 04/06/2015 às 18:37

Mais uma cirurgia para extração de tumor cerebral, em que o paciente é mantido acordado, foi realizada pela equipe do neurocirurgião Marcos Ghizoni, no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), em Tubarão. Desta vez, os testes realizados durante o procedimento foram além da interação por meio de gestos e fala entre paciente e equipe cirúrgica. Anthony Kulkamp Dias, 33 anos, cantou e tocou violão enquanto os médicos realizavam a cirurgia. Segundo o Portal Notisul, o paciente começou com Emanuel, música que ele mesmo compôs para o filho, nascido há poucos meses, seguida por Yesterday, dos Beatles, e outras canções.

Conforme o anestesiologista Jean Abreu Machado, que participou da cirurgia mantendo o jovem orientado e cooperativo com a equipe, normalmente as neurocirurgias são realizadas com o paciente sob anestesia geral, ou seja, inconsciência e ausência de dor. Porém, quando o tumor está próximo a áreas com funções especiais do cérebro, como é o caso da fala, movimentação e sensibilidade, há o risco que estas funções especiais sejam perdidas, caso forem lesadas durante o procedimento. “Mantendo o paciente acordado durante a cirurgia, estas áreas podem ser monitoradas em tempo real. É feita uma espécie de mapeamento das áreas importantes, a corticografia. Assim, são menores as chances de lesão e é possível uma otimização do tratamento”, completa.

O anestesiologista explica que o tecido cerebral não possui sensores para dor, mas pele e outras estruturas, cujo acesso é necessário para um campo operatório adequado - possuem tais sensores. “Neste momento, inicia o desafio do anestesiologista: manter o paciente acordado e sem dor”, frisa.

Um desafio - Enquanto Anthony surpreendia a todos, a cirurgia era realizada. A monitorização cerebral - importante para evitar que ocorram lesões nas áreas sensoriais, motora e da fala - ocorreu durante todo o procedimento. 

A cirurgia, disponibilizada apenas em hospitais de referência, trata-se de um grande avanço na medicina, pois é possível fazer, de forma segura, um verdadeiro mapeamento do cérebro, evitando-se lesões que podem comprometer áreas importantes e refletir na qualidade de vida do paciente.

O anestesiologista Jean Abreu Machado ressalta que “realmente é um grande desafio para toda a equipe cirúrgica, inclusive para o profissional esse tipo de procedimento”.

Várias técnicas são utilizadas e muitas vezes a combinação delas. Medicações endovenosas (na veia) são usadas com combinação de anestésicos locais para bloquear o estímulo doloroso. Jean destaca que outro fato muito importante é um bom relacionamento médico-paciente, que inicia na consulta pré-anestésica. “Tenho percebido que o que mais tranquiliza os pacientes nesse momento, que certamente é difícil, é quando eles notam que existe uma pessoa que se importa com seus temores e estará lá ao seu lado para ajudá-lo da melhor maneira possível”, observa.

Marcos Ghizoni realizou a cirurgia juntamente com o neurocirurgião Michel Linne e o neurologista Franciel Linne, responsável pela eletroestimulação, auxiliados pela instrumentadora Keller Damian Preve.

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