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Alteração no local de ginásio causou custo extra com mais de 2 mil caçambas de aterro em Forquilhinha

Valor da obra teve acréscimo de cerca de R$ 1,5 milhão em aditivos
Alteração no local de ginásio causou custo extra com mais de 2 mil caçambas de aterro em Forquilhinha
Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus
Por Thiago Hockmüller Em 27/02/2024 às 16:45

A construção do ginásio no loteamento Jardim Eldorado, em Forquilhinha, estopim de investigação da Delegacia de Combate à Corrupção (Decor), teve até agora custo extra avaliado em cerca de R$ 1,5 milhão em relação ao orçamento original. O valor foi empregado em aditivos previstos para custear mais de 2 mil caçambas de aterro, alteração na estrutura do telhado e aumento no custo de material de construção.

Além de investigar irregularidades em três licitações para contratação da empresa para fabricação e instalação da cobertura metálica do ginásio, a Decor também afirma investigar irregularidades na construção do próprio ginásio.

Mudança de local

Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, dia 27, após a operação da Polícia Civil, o prefeito José Cláudio Gonçalves, o Neguinho, deu detalhes sobre o imbróglio. A ordem de serviço foi assinada no dia 16 de dezembro de 2021. No dia 10 de janeiro de 2022, ele se licenciou do cargo para férias e posteriormente foi comunicado sobre a alteração do local da construção, decisão tomada pelo vice-prefeito Valcir Antonio Matias, o Chile, que na ocasião era o prefeito em exercício. Isso teria gerado custo avaliado em R$ 350 mil com aterro. 

“[Ele] decidiu mudar o local do ginásio, proporcionando um aterro de valores altíssimos, muita terra. Eu fui contra esta posição, Inclusive liguei e pedi várias vezes para que não houvesse a mudança do local. Foram mais de 2 mil caminhões de terra, porque teve três que foram aterrados até 1,5m, com isso, atrasou a obra em seis meses”, argumentou.

Neguinho ainda explica que o trabalho de aterramento gerou novos aditivos, já que a obra ocorria no período da pandemia da Covid-19. E os atrasos para o início da construção influenciou o custo com material de construção. “Aí nós começamos a ter problemas de aditivos naquela obra, vou repetir, eu fui radicalmente contra a mudança do local. Eu quero dizer aqui, até como desabafo, tenho sofrido muito porque esse ginásio era para ter sido entregue no final de 2022 e nós estamos até hoje sofrendo”, relatou.

Eu gostaria de deixar bem claro novamente que a ordem de serviço foi entregue no dia 16 de dezembro de 2021. Depois do aterro levou seis meses. Naquela época de pandemia aumentava todos os dias [o custo de insumos], então foram necessários diversos aditivos. Inclusive a justiça questionou a questão do aterro. Minha grande reclamação e o principal motivo da minha discussão e do vice-prefeito ter saído do governo, foi ele ter feito, na qualidade de prefeito, uma atitude que prejudicou o nosso governo e atrapalhou a entrega do ginásio”.

Prefeito de Forquilhinha, José Claudio Gonçalves
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Obra deveria ser entregue em dezembro de 2022. (Fotos: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus)

Cobertura frágil

A necessidade de alteração no projeto da cobertura do ginásio também foi detalhada pelo prefeito. A empreiteira executora da obra pediu a reavaliação da estrutura metálica afirmando que ela não atenderia a necessidade prevista para o ginásio. Houve então o pedido da prefeitura para que o estudo fosse refeito. A reavaliação indicou a necessidade por uma estrutura mais robusta, necessariamente mais cara.

“Notifiquei a empresa que fez esse projeto de estrutura metálica, eles reavaliaram esse projeto, nos mandaram um novo com uma quantia de ferros bem maior para poder se sustentar, porque o ginásio lá é gigante, então teve essa situação desse aditivo, uma nova licitação, que é o que está sendo questionado nesse momento”, explicou Odivaldo Dal Toé, gerente de Engenharia da Prefeitura de Forquilhinha.

A explicação foi complementada pelo secretário de Administração e Finanças, Ricardo Ximenes: “Como a diferença de tonelagem é muito alta, o objeto inicial não suportaria este aditivo em conformidade com a lei. Nós, em conjunto com a equipe da comissão de licitação, junto com a nossa procuradoria e junto com o prefeito municipal, tomamos a decisão de elaborar um novo processo licitatório, que foi o objeto desta discussão que a gente tem neste momento”, afirmou. 

A nova licitação gerou a supressão da cobertura antiga, avaliada em R$ 450 mil, porém introduziu ao valor cerca de R$ 1,1 milhão para instalação da nova estrutura. “Chegou um ponto que nós ‘aditivamos’ tanto a obra, que nós não tínhamos mais condição financeira de aditivar o telhado do ginásio. Por isso, foi feito um novo processo licitatório. Então foram três dificultadores desta obra: primeiro a mudança e o aterro. Segundo o grande número de aditivos. E terceiro que a cobertura do projeto não comportava a real necessidade do ginásio. Então isso motivou o que está acontecendo hoje, infelizmente. O processo que começou errado está terminando errado”, lamentou o prefeito. 

Inicialmente, a construção do ginásio estava orçada em R$ 6.398.409,84. Com os aditivos, o custo total chegou em cerca de R$ 7,7 milhões.

Sobre a operação

A operação aconteceu na manhã desta terça-feira, dia 27, quando foram cumpridos mandado de prisão preventiva contra o dono da empresa vencedora da licitação para instalação da cobertura e mandado de prisão temporária contra uma funcionária, quatro mandados de afastamento das funções públicas dos membros da comissão de licitação, a ordem para a suspensão dos contratos assinados contra a empresa e dez mandados de busca e apreensão. A Maktub teve desdobramentos também em Araranguá, Meleiro, Turvo, Içara e Nova Veneza.

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