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Os bastidores da participação de Luiz Fernando Vampiro na histórica votação que afastou o governador

Criciumense discursou por cerca de 40 minutos e votou pela admissibilidade da denúncia
Os bastidores da participação de Luiz Fernando Vampiro na histórica votação que afastou o governador
Foto: Thiago Hockmüller/Arquivo Engeplus
Por Thiago Hockmüller Em 26/10/2020 às 18:14

O deputado criciumense Luiz Fernando Vampiro (MDB) participou do julgamento histórico na Assembleia Legislativa (Alesc) de Santa Catarina que determinou o afastamento do governador Carlos Moisés e arquivou o processo contra a vice Daniela Reinehr (sem partido) - ela assume o comando do governo de forma interina por 180 dias.

Foram quase 17 horas de sessão entre a manhã de sexta-feira e madrugada de sábado, dias 23 e 24. Vampiro seguiu o entendimento do relator, deputado Kennedy Nunes (PSD), e votou pela admissibilidade da denúncia contra o governador e a vice no caso relacionado ao reajuste salarial dos procuradores do Estado

Convicção no voto

Em seu discurso, o parlamentar defendeu que há indícios de crime de responsabilidade tanto no caso de Moisés quanto no de Daniela, mas em entrevista ao Portal Engeplus nesta segunda-feira, dia 26, afirmou que o resultado da votação ilustrou a vontade dos julgadores e desejou boa sorte à governadora.

“Resultado de tribunal de julgamento não se questiona, se recorre se não está convencido. O resultado expressou a vontade dos julgadores. Temos que torcer para dar certo. Entendo desta maneira. Na interinidade ou na efetividade, que ela tenha sucesso”, declarou.

Vampiro era o sétimo da lista a manifestar o voto, mas uma alteração na ordem fez com que passasse a ser o oitavo. O relógio se aproximava das 22h30 quando o criciumense iniciou a leitura. E finalizou a sustentação por volta das 23h10.

“O que as pessoas estão dizendo é a respeito do Lima (deputado do PSL que dividiu o voto). É a convicção de cada um. Sustentei uma defesa político-administrativa, foi um dia de trabalho extenso e que ficará na história de Santa Catarina. Agora vem a etapa do conjunto probatório. Vamos ter até 180 dias para cumprir”, disse.


Deputado criciumense desejou sucesso para a governadora interina de SC. (foto: Rodolfo Espínola/Agência AL)

Parecer técnico

Nos bastidores da votação, a defesa de voto do deputado criciumense foi considerada uma das mais técnicas entre os cinco deputados. Vampiro explica que a participação como relator da reforma administrativa, que ensejou a discussão, lhe deu maior conhecimento da conjuntura e facilitou sua conclusão. 

Naquela altura da noite, quando iniciou sua tese, já haviam votado pela admissibilidade da denúncia os deputados Kennedy Nunes (PSD), Maurício Eskudlark (PL), além de sargento Lima, que votou pelo andamento do processo de Moisés, mas pelo arquivamento no caso de Daniela. Entre os desembargadores, todos haviam votado pelo arquivamento: Carlos Alberto Civinski, Sérgio Rizelo, Cláudia Lambert de Faria e Rubens Schulz.

“Fomos fazer o relatório desse processo construindo um conteúdo que pudéssemos expressar nesse curto espaço de tempo. Cada um tem um entendimento. A mescla expressa o que o povo catarinense tem efetivamente para aplicar. Não foi um julgamento político e nem técnico, foi misto. Nesse sentido que deu esse resultado. Tinha um pouco mais de conteúdo por ser relator da reforma e por ser relator na admissibilidade do plenário da casa naquela primeira etapa. Pude me dedicar um pouco mais”, avaliou.

Confira como foi o discurso do deputado criciumense:

Retomada do diálogo

Após o voto de Vampiro, votaram o desembargador Luiz Felipe Schuch e o deputado Laércio Schuster (PSB), ambos pelo prosseguimento do processo de impeachment. O resultado foi o afastamento do governador por 180 dias e a necessidade do voto de minerva, com relação à Daniela, do presidente do Tribunal de Justiça (TJSC), Ricardo José Roesler - votou pelo arquivamento. 

“Nunca tinha ficado tanto tempo sentado e naquela expectativa. Era uma decisão, algo importante. No outro dia foi de alívio pra mim por ter expressado o que queria no meu voto. O julgamento foi bom para Santa Catarina porque expressa a síntese do que ali estava. A segunda etapa é para investigar com uma uma lupa, assim dizendo, para ver se houve ou não houve participação do governador. Indícios tinha tanto do governador quanto da vice”, observou.

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Agora com a troca de comando no executivo, Vampiro tem expectativa que Alesc e Casa d'Agronômica retomem o diálogo. Também que os parlamentares participem de forma ativa na discussão relacionada à pandemia de Covid-19 no estado. 

“Diálogo é importante, Bolsonaro tem dialogado com o Congresso e faz parte do processo político. Não toma lá dá cá, mas conversas importantes para um conjunto de trabalho mais unificado. Santa Catarina não pode ficar 50% para esquerda e 50% para direita, tem que puxar para melhorar a posição de Santa Catarina no país”, avaliou.

Após a votação, Vampiro não demorou muito para deixar o plenário. Naquela mesma madrugada Daniela assinou a notificação gerada pelo presidente do TJSC para assumir o Governo do Estado, todavia, a tramitação deve ser concluída apenas nesta terça-feira, dia 27. Já Moisés foi intimado nesta segunda-feira e se afastará do cargo, além de perder um terço dos vencimentos. Em caso de absolvição no processo de impeachment, o valor deduzido será restituído.