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Câmara de Vereadores quer histórico de sindicâncias de acidentes envolvendo alunos da Afasc

Comissão de Educação vai sugerir estudo para inclusão de câmeras nas salas de aula
Câmara de Vereadores quer histórico de sindicâncias de acidentes envolvendo alunos da Afasc
Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus
Por Thiago Hockmüller Em 24/04/2024 às 18:40

As denúncias feitas por pais de alunos de Centros de Educação Infantil (CEI) administrados pela Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (Afasc) terão novos desdobramentos na Câmara de Vereadores. A comissão de Educação, Esporte, Turismo e Cultura, presidida pelo vereador Nícola Martins (PL), vai requerer acesso aos arquivos da Afasc onde estão registrados outros casos semelhantes aos denunciados.

A Afasc é acusada de negligência por pais de bebês que frequentam o CEI Lino Pizzetti, no bairro Próspera, e o CEI Pingo de Gente, na Vila Manaus. Na Próspera, um bebê de 1 ano e 2 meses ficou com hematomas no rosto após ter sido mordido por um colega. Na mesma creche, houve a denúncia de outra mãe, alegando o mesmo problema. Na Vila Manaus, uma criança sofreu queimaduras de 1° e 2º grau no pé. 

No primeiro caso, a Afasc alega que as mordidas ocorreram em um espaço de 35 segundos de ausência da professora, que atendia um pai com uma criança. Sobre a criança que sofreu queimadura no pé, o diretor executivo da Afasc, Adriano Boaroli, explicou que ela teve diarreia e foi levada para o trocador. A professora conferiu que a temperatura da água estava fria, porém, uma roçadeira usada para cortar a grama atrás da sala quebrou um cano, reduzindo a pressão da água. 

“A criança estava com o pé próximo da mangueira e a água esquentou. De fato a água sai a 50°C. Isso foi encaminhado para a sindicância. Somos responsáveis pelas crianças e temos que dar o subsídio para essas crianças”, ponderou Boaroli durante reunião extraordinária da comissão de Educação.     

Tanto Boaroli quanto a coordenadora do Departamento de Educação Infantil (DEI), Andreza Dagostim, colocaram os documentos à disposição da Câmara, que também aguarda o fim  das sindicâncias destes casos para definir os próximos passos. “A hora que a gente receber essas sindicâncias, receber essa documentação, a gente vai tomar a decisão de, se necessário, ir com as famílias no Ministério Público (MP). Ninguém quer politizar esse negócio, mas a gente quer dar o suporte para as famílias, que talvez não estejam recebendo hoje”, afirma Martins. 

Tem divergências que estão sendo colocadas, por exemplo: a Afasc coloca que as queimaduras são de 1° e 2° grau. Os pais dizem que tem laudo que diz que é só de 2° grau. Então, é algo que a gente tem que investigar. Vamos requerer da Afasc os vídeos, a ata da sindicância e os relatórios que a Afasc tem sobre esse assunto.

Nícola Martins, presidente da comissão de Educação 
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Monitoramento em sala de aula

A comissão planeja requerer um estudo para entender a viabilidade de instalação de câmeras de monitoramento nas salas de aula dos primeiros grupos. Atualmente, há monitoramento no entorno das salas e nos acessos, até por isso não há filmagens que mostram, por exemplo, o momento em que a criança foi mordida na creche da Próspera. A própria família procurou a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência e o bebê passou por exame de corpo de delito.

Martins explica que também questionará a Afasc sobre o déficit de profissionais. Durante a reunião extraordinária, Boaroli explicou que a rotatividade de profissionais é o principal problema no departamento pessoal. 

“Vamos fazer um requerimento sobre câmeras na sala de aula, que é algo que ficou claro hoje. Sobre o déficit de profissionais, a Afasc fala sobre uma alta rotatividade, mas não explica, por exemplo, o que ela está fazendo para diminuir essa rotatividade. Então, tem vários pontos que foram levantados e que o objetivo não era simplesmente encerrar nessa reunião o caso. A gente tem que levantar o assunto para tentar buscar soluções”, argumenta Martins. 

Ouvir os pais

Os vereadores que compõem a comissão devem planejar meios para ouvir os pais dos alunos afetados e de outros casos que possam aparecer a partir de agora. Não está descartada uma nova reunião extraordinária ou até mesmo audiência pública. 

“Se vai ser audiência pública ou não, eu quero conversar com a comissão. A gente quer ouvir os pais. Se entendermos que uma audiência pública é pertinente, ou se uma nova reunião extraordinária da comissão, convidando esses pais, por que eles tem o direito de falar, pode ser pertinente, ou enquanto comissão a gente fazer uma visita à casa dessas famílias também e informalmente colher essas informações, vamos agora pensar o melhor caminho a ser traçado”, avaliou. 

Segundo informado pelo diretor executivo, a rede da Afasc soma 40 creches e atende cerca de 6 mil crianças. A rede possui 958 professores, 205 estagiários, 240 profissionais na equipe de apoio, 40 diretoras e 40 secretárias. A posição final da entidade sobre os casos será dada após o fim das sindicâncias.

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