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A bordo de uma Kombi, casal vive de música

Adriana Soares e Renato Gomes estão há uma semana estacionados em Nova Veneza
A bordo de uma Kombi, casal vive de música
Foto: Lucas Sabino
Por Lucas Sabino | Especial para o Portal Engeplus Em 22/03/2022 às 13:54

Um casal, dois instrumentos, música e uma Kombi. Ingredientes perfeitos para os mineiros Adriana Soares, 40 anos, e Renato Gomes, 25 anos, deixarem Belo Horizonte (MG), em dezembro de 2021 para embarcar em uma viagem livre de horários, cobranças e sem a loucura da vida moderna de uma grande capital. Foram percorridos 1480 km até chegar em Nova Veneza, onde o casal, ao estilo mineiro, toma um café com pão de queijo em frente ao Palazzo Delle Acque.

Adriana é flautista e Renato violinista e se conheceram dentro da cena musical da capital mineira há cinco anos. Os dois estavam com planos de irem estudar fora do país, ela para a Alemanha e ele para a Itália. Com a pandemia, estes sonhos tiveram que ser interrompidos. “Em 2020 eu já estava com passagem comprada para ir para a Alemanha, foi quando vendi tudo o que eu tinha para pagar esta viagem para fazer um curso de três anos. Vendi carro, móveis e fiquei apenas com uma caixa de livros, instrumentos e uma mala de roupas. Mas aí, todas as fronteiras foram fechadas”, lembra.

Com os planos suspensos devido a pandemia, o casal resolveu sair da capital e ir morar no interior de Minas. “Ficamos durante seis meses na roça, na esperança das fronteiras abrirem, o que não aconteceu. Voltamos para BH e morei por um período na casa do meu irmão, antes de comprarmos a Kombi e iniciarmos este projeto e está sendo uma experiência libertadora”, comemora.

A Kombi azul, que foi adaptada pelo próprio casal com cama, armários, fogão e mesa, já passou por mais de 20 cidades brasileiras vivendo de forma totalmente independente, vivendo apenas da música sendo apresentada em praças e restaurantes. “Como artista é uma experiência incrível porque você chega numa cidade e conhece pessoas. Conta com o auxílio voluntário e por incrível que parece está dando muito certo. Além de tocar nos lugares públicos, somos convidados para tocar até nas casas das pessoas que encontramos”, revela Adriana.

Adriana e Renato planejam seguir a viagem nos próximos dias, parando ainda em algumas cidades da região para mostrar mais do repertório. “Tocamos músicas clássicas na rua, é uma proposta nossa levar a música erudita para mais próximo das pessoas. E também temos no nosso repertório músicas brasileiras e de cinema. E todo o dinheiro que recebemos, quando passamos o chapéu, é investido para a nossa alimentação manutenção da Kombi. Não temos nenhum outro tipo de financiamento”, frisa.

Enquanto os noticiários mostram situações difíceis que o mundo vive, o casal enxerga um outro lado por onde passam. A solidariedade. “Estamos descobrindo um mundo que está cada vez mais raro nos noticiários. Encontramos só pessoas do bem, que nos oferecem todos os tipos de auxílio que precisamos”, disse a flautista.

Planejamento de morar fora continua

Apesar de não terem conseguido viajar para a Europa dentro do que haviam planejado, o casal pretende embarcar ainda este ano. “Provavelemnte eu devo ir em junho e o Renato um pouco mais à frente. Só estamos adiando um pouco por conta da situação que vivemos e estamos firmes neste propósito. Mas antes, queremos aproveitar ao máximo essa experiência porque sabemos que uma hora ela vai acabar”, conta Renato.

Encanto por Nova Veneza

Com pouco mais de uma semana em Nova Veneza, o casal já fez amigos e foram convidados para tocarem em restaurantes e até mesmo jantar na casa de um morador da cidade. “Sempre tive contato com a cultura italiana, porque o violino surgiu na Itália e sempre me interessou a cultura, a arquitetura e recentemente descobri que meu bisavô veio de lá. E pretendo realizar o processo de cidadania. E aqui em Nova Veneza fomos muito bem recebidos, por isso está sendo difícil sair daqui porque o clima da cidade, a beleza e a segurança faz com que gostássemos e ficássemos mais do que tínhamos planejado”, revela o violinista.

Contribuições podem ser via pix

Para quem quiser conhecer o trabalho do casal, basta procurá-los no instagram: “to_near ou @atrianasoar. E quem quiser ajudar com doações o pix  é o: 112.135.996-52.

Colaboração: Lucas Sabino