Sem licença ambiental, cemitérios de Criciúma podem oferecer riscos à saúde e ao meio ambiente
Órgãos devem iniciar fiscalização que apontará possíveis danos e irregularidades
Foto: Thiago Hockmüller
Dados da Vigilância Sanitária apontam que os 17 cemitérios de Criciúma não possuem licenciamento ambiental e apenas quatro estão em processo de regulamentação. Isto significa um alto grau de risco para a natureza e também para a saúde de pessoas que vivem próximas a estes terrenos.
Os quatro cemitérios que estão em processo de regulamentação, conforme a Vigilância Sanitária, são administrados pela Sociedade Mato-grossense de Empreendimentos (Somatem) e estão localizados nos bairros São Luiz, Sangão, Brasília e Rio Maina. “Os demais cemitérios serão fiscalizados e entrarão em processo de regularização conforme cronograma a ser planejado com a Famcri (Fundação do Meio Ambiente de Criciúma) para o próximo ano”, explica a coordenadora da Vigilância Sanitária, Rejane Dalpont Rosso.
Os riscos
Os cemitérios são muito antigos, de quando ainda nem existia licenciamento ambiental. Quando houve a nova resolução que trouxe a regulamentação e passou a exigir os cuidados necessários, a fiscalização passou a ser maior e não só em Criciúma. O chorume pode contaminar o solo e o lençol freático contaminando as nascentes e rios próximos. E podem transmitir doenças aos humanos sim, dependendo do tipo de contaminação.
Anequésselen Bittencourt Fortunato, presidente da Famcri
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As principais legislações utilizadas na fiscalização de cemitérios são o Decreto Estadual 3.687/2010; Decreto Estadual 30.570/1986; Portaria Estadual N° 639/SES/2016; e a Resolução do Conama nº 335/2003. Em 2017 foram publicadas as resoluções do Consema nº 99, de 5 de maio, e nº 119, de 1º de dezembro, que também fazem atribuições para a regularização e licenciamentos dos cemitérios.
Mas a preocupação da Famcri ultrapassa o limite da documentação. A falta de licenças pode provocar o tratamento inadequado de resíduos e a contaminação do solo e da água por substâncias nocivas, que são emitidas pela decomposição de corpos sepultados da maneira incorreta. “Todos estão sem licenciamentos e isso significa que estão irregulares não apenas na documentação, mas nos controles que se adotam como o tratamento do chorume, resíduos e roupas, que necessitam ter o destino adequado. Provavelmente não estão tomando estes controles ambientais e estão causando danos ao meio ambiente”, explica a presidente da Famcri.
Na lista de riscos da Vigilância Sanitária estão a proliferação dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, transmissores da dengue, e riscos para a saúde de trabalhadores que fazem a exumação dos corpos sem o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) específicos para a atividade. “Também pode alterar as características do lençol freático por causa de elementos provenientes da degradação dos corpos. Na maioria dos cemitérios já existem caixas que protegem bastante. A grande maioria segue a mesma linha, com a construção de sepultura de alvenaria e acima do solo, isso é o comum, mas não sabemos a realidade de cada cemitério”, analisa o engenheiro químico da Famcri, Everton Pires Silva.
Cemitérios que não possuem licenciamento ambiental estão sujeitos à uma licença ambiental corretiva e auto de infração ambiental, sempre de acordo com a situação. Isso depende do tamanho do cemitério e os danos que estão cometendo ao meio ambiente. “De fato é um trabalho (fiscalização) que merecia ter sido iniciado há décadas, mas não justifica o fato de não ter sido iniciado ainda. Agora, com a listagem, vamos começar a exigir e aplicar as medidas previstas na legislação. Os cemitérios que quiserem por conta própria procurarem a Famcri para regularizarem a situação não serão autuados. Mas, se formos até o local e verificarmos que estão irregulares vão sofrer sansões cabíveis para cada caso”, pontua Anequésselen.
Após quase 20 anos...
No mês passado, a Somatem definiu em acordo com a Prefeitura de Criciúma o destrato amigável da concessão de uso dos quatro cemitérios que administra. Mas a empresa só finalizará os trabalhos assim que a nova administradora for definida. O contrato com a Somatem, que entrou em vigência em 1998, venceria em 2023. Um novo edital será elaborado para o chamamento da nova empresa.
Confira a lista dos cemitérios de Criciúma fornecida pela Vigilância Sanitária
NOME - BAIRRO
Cemitério Mina do Toco - Mina do Toco
Cemitério Igreja São Braz - Mãe Luzia
Cemitério Católico Santa Luzia - Santa Luzia
Cemitério São Braz - Verdinho
Cemitério Morro Albino - Morro Albino
Cemitério Nossa Senhora Menina - Sangão
Cemitério Morro Estevão - Morro Estevão
Cemitério Quarta Linha - Quarta Linha
Cemitério São Casmiro - Linha Batista
Cemitério São Simão - São Simão
Cemitério São Marcos - São Marcos
Cemitério São Defende - São Defende
Cemitério São Roque - São Roque
Cemitério Brasília - Brasília
Cemitério São Luiz - São Luiz
Cemitério Sangão I - Universitário
Cemitério Rio Maina - Rio Maina
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