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Série B 2022: partida entre Criciúma e Tombense está envolvida em investigação de fraude de jogos

Grupo manipulava ações em confrontos para ganhar apostas feitas em casas de apostas
Série B 2022: partida entre Criciúma e Tombense está envolvida em investigação de fraude de jogos
Foto: Celso da Luz/Arquivo/Criciúma E.C.
Por Lucas Renan Domingos Em 14/02/2023 às 19:11

A partida entre Criciúma e Tombense pela última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022 está envolvida em um esquema de associação criminosa especializada na manipulação de resultados de partidas de futebol profissional. O caso vem sendo investigado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) na Operação Penalidade Máxima, que foi deflagrada nesta terça-feira, dia 14, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), pela Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e pelo Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT).

O promotor de Justiça do MPGO, Fernando Martins Cesconetto, que coordenou as investigações, informou que um empresário, por meio de sua empresa, aliciava jogadores para que realizassem ações nos jogos a fim de alcançar a aposta desejada por grupo de apostadores de casas de apostas esportivas. No caso que vem sendo investigado, a aposta combinada seria de ocorrência de pênalti no primeiro tempo dos jogos entre Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina, todos pela 38ª rodada da Série B do Brasileirão.

“Os apostadores ofereciam R$ 150 mil para que atletas realizassem ações específicas nos jogos. Antes do jogo ocorria o pagamento de R$ 10 mil como sinal do acordo e, se o ato acontecesse, mais R$ 140 mil ao fim do jogo. O lucro final dos apostadores ficaria em torno de R$ 500 mil a R$ 1 milhão com a aposta realizada”, disse o promotor de Justiça.


Sampaio Corrêa x Londrina foi outro jogo com ações que teriam sido manipulados por apostadores - Foto: Ronald Felipe/Divulgação/Sampaio Corrêa

Só que a aposta realizada não teve êxito, já que na partida entre Vila Nova x Sport não houve o pênalti no primeiro tempo. “Aconteceu o pagamento de R$ 10 mil, mas não teve o pênalti. Desta forma, os apostares não tiveram o lucro e passaram a pressionar o jogador para que não só devolvesse o valor recebido pelo sinal do acordo, como o ressarcimento do prejuízo que eles tiveram”, acrescentou Cesconetto. O prejuízo estimado dos apostadores é de R$ 2 milhões.

Já nos confrontos entre Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina, houve a penalidade. No jogo do Tigre, Lohan foi derrubado na área aos 30 minutos do primeiro tempo. O atacante tricolor foi para a cobrança e perdeu, mas a equipe carvoeira venceu a partida por 2 a 0. No outro jogo o Sampaio Corrêa venceu o Londrina por 2 a 1 depois do goleiro Luiz Daniel defender o pênalti cobrado por Caprini no primeiro tempo.

Segundo o promotor de Justiça, o caso chegou ao conhecimento do MPGO depois de uma denúncia realizada pelos dirigentes do Vila Nova. Ele reforçou ainda que não há nenhum indício de participação de dirigentes dos clubes e de entidades do futebol no caso. Os nomes dos jogadores envolvidos também não foram divulgados. Não há no momento intenções de pedido de anulação das partidas ou do campeonato.

Foram cumpridos um mandado de prisão temporária e mais nove mandados de busca e apreensão  em Goiânia (GO), São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).  Os investigados vão responder por crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e por dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva, conforme previso no Estatuto do Torcedor.

Ainda durante as buscas, as equipes de investigação encontraram novos vestígios eletrônicos que mostra que o grupo seguia atuando em partidas em campeonatos já no ano de 2023.