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Tigre: Foguinho fala sobre rebaixamento, saída para o Avaí e futuro no futebol

Atleta defendeu o Criciúma em 47 jogos e disputou quatro campeonatos pelo Tigre
Tigre: Foguinho fala sobre rebaixamento, saída para o Avaí e futuro no futebol
Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus
Por Rafaela Custódio Em 14/12/2020 às 09:00

Nas últimas temporadas, o Criciúma tem vivido momentos difíceis dentro de campo. São sete anos sem títulos e desde 2013 não disputa uma final de Campeonato Catarinense. Já em relação a competições nacionais, a situação é ainda mais delicada. O Tigre foi rebaixado em 2019 para a Série C e neste ano lutou até a última rodada contra o rebaixamento para a 4ª divisão. Apesar do momento , desde do ano passado, o torcedor tricolor viu um jogador se destacar dentro de campo: Foguinho. O volante de 28 anos chegou ao clube ainda na temporada passada e deixou o time neste mês de dezembro para atuar no Avaí. 

Foguinho chegou com desconfiança por parte da torcida, mas logo conquistou os carvoeiros com a entrega dentro de campo. Ele defendeu as cores do Criciúma em 47 jogos, venceu 13 vezes, empatou 19 confrontos e saiu derrotado em 15 duelos. Marcou seis gols, recebeu 15 cartões amarelos e foi expulso de campo uma vez. 

O volante veio do Caxias (RS) e estreou no Criciúma no dia 3 de agosto de 2019. Ele conversou com exclusividade com o Portal Engeplus antes de deixar a cidade para ir à Florianópolis e se apresentar ao Avaí seu novo clube. Confira abaixo a entrevista: 

Portal Engeplus: Você estava no Caxias, recebeu a proposta, terminou a Série D pelo Caxias e logo em seguida veio para o Criciúma. Por que aceitou o convite do Criciúma e como foi chegar aqui ao tricolor? 

Foguinho: Eu recebi a proposta do Criciúma na época do Estadual, no Gauchão. Enquanto nós jogávamos o Gauchão, eu já tinha um pré-contrato assinado com o Criciúma. Posteriormente, após o Gauchão, Caxias tinha a Série D para disputar e, como eu tinha honrado a palavra que eu disputaria, eu fiquei esse momento lá. Inclusive, foi o que aconteceu na minha situação comigo nesse ano. Eu escolhi o Criciúma porque eu tive muitas referências positivas do Tigre, de estrutura de trabalho, de uma torcida apaixonada, um clube que te oferece uma situação boa para trabalhar. Eu tive propostas de outros clubes também, mas aceitei o tricolor por isso. Infelizmente, o ano acabou com o descenso, uma situação que ninguém queria. Eu também demorei muito tempo para assimilar isso, demorei muito tempo para superar esse rebaixamento. No início do ano não estava com a cabeça muito boa logo quando começou o Estadual, pois aquilo me incomodava muito internamente, porque era uma marca negativa deixada no clube, então, aquilo pesou muito e hoje acabou meu ciclo no Criciúma e vida que segue.

Portal Engeplus: Nos últimos anos, o Criciúma sentiu a falta de ídolos e você chegou e, em pouco tempo, conquistou a torcida. Como é isso para ti? De ter chegado e, em tão pouco tempo, ter conquistado a torcida?

Foguinho: Sinceramente, eu fico muito feliz, muito grato, porque quando torcedor te trata assim, ele reconhece o teu trabalho e teu esforço. Eu sempre tive para mim que quando eu estou em campo, eu não estou apenas representando o atleta Foguinho, estou representando muita gente, a minha família, meu nome, o torcedor que é apaixonado pelo clube, então, eu tenho que estar muito focado e muito comprometido com aquilo porque eu tô representando eles também, eles queriam estar em meu lugar fazendo aquilo, então, eu tento levar sempre comigo esse comprometimento, essa motivação, de que eu tenho de representar eles da melhor maneira possível. 

“Eu sempre fui um atleta comprometido com clube, de me entregar, de sempre brigar por cada palmo do campo e, aos poucos, eu fui conquistando meu espaço, e o torcedor Criciúma reconheceu isso. Para deixar bem claro, eu não me considero ídolo do Criciúma. Ídolo do Tigre são aquelas pessoas que foram vencedoras dentro do clube, campeões da Copa do Brasil, entre tantas outras conquistas. Então, são essas pessoas que marcaram o Criciúma, mas eu fico muito feliz com a minha passagem pelo clube”
Foguinho
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Portal Engeplus: Desde que você chegou, logo em seguida já começaram a chegar propostas. Em algum momento você pensou em deixar o Criciúma antes do fim do contrato?

Foguinho: Eu não sou hipócrita e falo abertamente que quando chegou a proposta do Cruzeiro, realmente, eu cheguei no presidente Jaime Dal Farra e falei “eu quero sair, eu vejo que é uma oportunidade muito grande para a minha carreira”. Eu via que seria um salto na carreira, com todo respeito que tenho pelo Criciúma, e aquilo me balançou um pouquinho. Jaime deixou bem claro para mim que eu não ia sair porque precisava de mim. Foi a partir daquele momento que a gente teve uma conversa muito franca e eu dei minha palavra para ele: “Jaime, eu vou cumprir meu contrato até o final”, e foi o que realmente eu fiz. Eu comprei a ideia e, infelizmente, as coisas não deram certo, os projetos, os planos de acesso não foram concretizados. 

“Eu acredito que deixei uma marca positiva. Sempre foi recíproco esse sentimento meu com a torcida. Sempre que possível, procurei atender a todos. Eu deixo toda a minha gratidão a torcida do Criciúma que me acolheu desde o início e dizer que eu vivi momentos, de certa forma, muito tristes aqui, mas eu vivi momentos muito felizes com a torcida e eu vi, intensamente, esse sentimento que o torcedor tem pelo clube”
Foguinho
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Portal Engeplus: Em diversos momentos, você chegou a buscar a bola com os zagueiros, sendo um primeiro volante, e você sempre foi um jogador que aparece de surpresa na área, como no último jogo, quando apareceu de surpresa na frente da área e fez um gol. Em que posição, realmente, você gosta de atuar? 

Foguinho: Eu sou um segundo volante de origem, mas tanto eu quanto o Eduardo temos essa característica de marcação e de saída de jogo para dar um sustento, um apoio ao ataque, tinham situações que a gente invertia. Essa situação de pegar a bola dos zagueiros era uma parte treinada, que é a saída de três, para dar mais amplitude, para ter mais opções de passe. Era uma tática de saída de jogo. Mas eu me sinto mais à vontade jogando um pouco mais para frente. Eu tenho essa preferência às vezes de ser mais incisivo para frente, de ora pelo lado, ora por dentro, mas isso é parte da tática. A real função do volante é armar o jogo e proteger a sua área. Eu fico feliz porque diante de tudo que aconteceu no Criciúma eu pude mostrar aquilo do que eu sou capaz. 

Portal Engeplus: Tem algum momento mais especial que você acha que vai levar na tua memória daqui para frente? 

Portal Engeplus: Você chegou ao Criciúma com desconfiança e, logo depois da saída do goleiro Luiz, você virou capitão. Como que foi para você ter toda essa responsabilidade? 

Foguinho: Foi um momento bem diferente para mim. Eu já tinha sido capitão antigamente em outras equipes, mas com a saída do Luiz, esse posto ficou comigo. Eu cheguei no Criciúma como uma aposta. Eu sempre fui muito focado naquilo que eu faço. Aos pouquinhos as coisas foram acontecendo. Com a saída do Luiz, o [Roberto] Cavalo me deu a faixa de capitão ainda no último jogo da Série B do ano passado e esse ano, na sequência, começando o estadual eu já era o capitão da equipe, mas eu fiquei muito feliz. Eu sempre fui uma pessoa que tentei ser muito comprometida com aquilo que eu estava fazendo. 

Portal Engeplus: O que agregou essa tua passagem no teu futebol? E a parte mental de entender o jogo, o quanto agregou?

Foguinho: Eu trabalhei com excelentes profissionais no Criciúma, isso foi muito produtivo para mim porque eu sempre tentei absorver o máximo de evolução possível. Cada treinador que passou, eu tentei absorver aquilo que eu podia para entender futebol, para entender de parte tática, para entender de parte extracampo também, que é uma situação que trabalha muito para entender a parte mental do atleta, de saber aquilo que ele está vivendo. Eu não consigo ficar na zona de conforto, eu tô sempre querendo mais, eu nunca estou satisfeito. Procuro aprender muito e, como falei, aqui no Criciúma eu tive ótimos profissionais, tanto na parte técnica, de diretoria, pessoas que me ajudaram muito, e também com meus colegas de profissão. Eu sempre procurava conversar muito para absorver aquilo, porque são experiências positivas, são pessoas vencedoras, são pessoas que eu procurava me aproximar para que eu pudesse absorver o máximo possível. 

Portal Engeplus: Quais os volantes que você se inspira?

Foguinho: Eu gostava muito futebol do Dunga, um cara muito aguerrido, que brigava muito por todas as situações, por toda a parte do campo, sabia jogar, tinha uma liderança muito forte. O Dunga é uma pessoa que espelhei muito. Toni Kroos é um volante a nível mundial que é uma referência de qualidade técnica, de qualidade tática. Outro que eu gosto de ver jogar também, que eu vi no auge jogando, foi o Paulinho. Ele fazia o que a gente fala no futebol o box-to-box, que é de área a área, então gostava muito de ver o Paulinho jogando, e ele fazia muitos gols. Isso é uma situação que eu procuro melhorar também. Eu sei que a minha conclusão não é o meu forte. Eu treino muitas finalizações. Isso refletiu no último jogo, mas é uma situação que eu entendia que não estava bem, mas eu precisava melhorar.

Portal Engeplus: Como surgiu essa possibilidade de jogar no Avaí? E o quão pesou de jogar no Criciúma e ir para um rival? 

Foguinho: Não vou ser o primeiro e não vou ser o último. Essas situações acontecem vice-versa também. O Avaí me propôs um tempo de contrato maior. Eu tenho meus planos pessoais também, estou começando a formar minha família, ano que vem quero ter meus filhos, são planos meus e da minha esposa. Então, tudo pesa. Para um atleta profissional, isso aqui é o nosso ganha-pão, tem que pesar muitas coisas também. Esse lado da estabilidade também, de ter dois anos de contrato, pesou muito também. As outras propostas que chegaram também não tinham esse tempo de contrato, assim como eu tive no Criciúma no passado. Eu escolhi o Criciúma por isso também, porque eu tinha um ano e meio de contrato. É uma situação que dá mais tranquilidade para trabalhar, dá mais estabilidade, então, talvez por isso, eu tenha feito essa escolha. 

Abaixo você confere em vídeo um recado de Foguinho aos torcedores do Criciúma: