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Devendo satisfações apenas aos conselheiros, Dal Farra enfim respondeu a pergunta que todos faziam

Após meses de reclusão, presidente, enfim, falou sobre a saída do Criciúma
Devendo satisfações apenas aos conselheiros, Dal Farra enfim respondeu a pergunta que todos faziam
Foto: Thiago Hockmüller / Portal Engeplus / Arquivo
Por Eduardo Madeira Em 04/11/2020 às 12:25

O fim da Série C do Campeonato Brasileiro marcará o ponto final da era Jaime Dal Farra no Criciúma. Pelo menos foi o que disse o próprio presidente durante a reunião da última terça-feira, dia 3, do Conselho Deliberativo do clube, respondendo a pergunta que dez entre dez torcedores se faziam desde que o mandatário carvoeiro entregou a carta de renúncia, em maio deste ano.

A notícia, por si só, acalma muita coisa. Dal Farra está desgastado além da conta e o desempenho da equipe na Série C só ajuda a aumentar a pressão nos ombros do presidente. Enfim informar quando sai já é um avanço e manda um sinal para o Conselho Deliberativo agir em busca de uma transição menos tumultuada possível.

Na contramão, lamenta-se que Dal Farra demonstra só dever satisfações aos conselheiros, ignorando completamente a massa da torcida criciumense. Desde que entregou a carta de renúncia, o presidente não se manifestou publicamente uma única só vez sobre o assunto. Chegou a conceder entrevista aqui mesmo no Portal Engeplus logo após o episódio, mas não entrou em detalhes, até porque era tudo muito recente. Mas nunca se propôs a um diálogo mais amplo, a uma conversa franca e aberta com quem sustenta a paixão pelo clube. Até mesmo em um pronunciamento, sem perguntas de nenhum repórter, desde que esclarecesse as dúvidas chave, já seria importante.

Entretanto, o presidente parece que só deve satisfação aos conselheiros. Não é que não deva - muito pelo contrário, se ele está lá, deve ao aval do conselho -, mas é uma via de mão dupla. Da mesma forma que o Conselho Deliberativo tem uma função mais atuante e possui mais poderes que um torcedor dito comum, é com essa massa de público que o mandatário precisa interagir. Não nos esqueçamos: o futebol também possui um caráter social e o Criciúma Esporte Clube é engrenagem importante na região carbonífera. Ignorar esse público para se explicar apenas a um grupo seleto de pessoas é afastar o clube de quem o faz ser gigante e torná-lo num objeto particular, de poucos donos e sem importância popular.

Cobrar transparência e clareza agora não adianta. Dal Farra não teve esse perfil nos anos em que presidiu o Criciúma e não será agora que está de saída que ele vai mudar. Talvez isso explique essa reclusão e medo de esclarecer um processo tão importante, que deixa os rumos do clube tão nebulosos nos últimos meses. Pelo menos deu a resposta que pode nortear mais as coisas.