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EUA falharam em saída do Afeganistão

Com saída de tropas norte-americanas tropas afegãs avançaram no país
EUA falharam em saída do Afeganistão
Foto: White House
Por André Abreu Em 14/08/2021 às 20:22

Os principais assessores do presidente Biden admitem que ficaram chocados com o rápido colapso do exército afegão em face de uma ofensiva agressiva e bem planejada do Talibã que agora ameaça Cabul, capital do Afeganistão.

Os últimos 20 anos mostram que seus conselheiros não deveriam ter se surpreendido. Se há um tema consistente ao longo de duas décadas de guerra no Afeganistão, é a superestimação dos resultados dos 83 bilhões de dólares que os Estados Unidos gastaram desde 2001, treinando e equipando as forças de segurança afegãs e uma subestimação da estratégia brutal e astuta do Talibã.

O Pentágono havia emitido terríveis advertências a Biden antes mesmo de ele assumir o cargo sobre o potencial do Talibã de derrotar o exército afegão, mas as estimativas da inteligência agora demonstraram estarem erradas. O Pentágono avaliou que isso poderia acontecer em 18 meses, não em semanas, como está sendo visto.

Os comandantes sabiam que os problemas das forças afegãs nunca haviam sido curadas: a corrupção profunda, o fracasso do governo em pagar muitos soldados e policiais afegãos por meses, as deserções, os soldados enviados para o front sem comida e água adequadas, muito menos armas.

Nos últimos dias, as forças afegãs entraram em colapso enquanto lutavam para defender um território cada vez menor, perdendo Mazar-i-Sharif, o motor econômico do país, para o Talibã neste sábado (14).

O poder dos EUA vem diminuindo desde a tomada da Crimeia em 2014 pela Rússia, as baixas dos norte-americanos durante as guerras do Iraque (2003-2011), do Afeganistão (2001-presente) e o crescente comércio da China no mundo. Enquanto isso, o país se volta para resolver seus problemas internos ao mesmo tempo em que retira tropas envolvidas em conflitos que duram anos e sem perspectiva de vitória ou de frutos para o país.  

Todos estes fatores contribuem para uma mudança na geopolítica mundial. A tomada do Afeganistão pelo Talibã poderá alterar a geopolítica regional, enfraquecendo ainda mais o poderio dos EUA no mundo diante de outras potências. 

Foto: Biden projeta liderança dos EUA em encontros com líderes mundiais influentes como a chanceler alemã Angela Merkel em julho de 2021.