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Tubarão sinaliza paralisação de serviços nos próximos dias; decreto será assinado durante a tarde

Informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira, dia 15, em reunião virtual
Tubarão sinaliza paralisação de serviços nos próximos dias; decreto será assinado durante a tarde
Foto: Divulgação
Por Amanda Garcia Ludwig Em 15/07/2020 às 13:34

Tubarão sinalizou na manhã desta quarta-feira, dia 15, que deve iniciar uma paralisação com fechamento e restrição de atividades não essenciais no município a partir desta quinta-feira, dia 16. Desde o fim da tarde de terça-feira, dia 14, especulava-se a possibilidade de que toda a Associação de Municípios da Região de Laguna (Amurel) fosse adotar a medida. A informação foi confirmada pelo prefeito Joares Ponticelli nesta manhã em reunião virtual que envolveu prefeitos de todos os municípios da Amurel, lideranças políticas, autoridades de saúde da região e imprensa. O decreto será assinado e divulgado ainda nesta tarde.

Apesar da recomendação do Comitê Técnico, durante a reunião desta manhã três municípios da Amurel já afirmaram que não adotarão a medida: Braço do Norte, Gravatal e Grão-Pará. Os demais devem se manifestar durante o dia. Os detalhes sobre a adoção da paralisação também serão divulgados em breve pelos prefeitos.

A recomendação foi feita após uma reunião envolvendo todos os municípios da Amurel nesta semana. A deliberação dos municípios deve atender às recomendações feitas pelo Comitê Extraordinário Regional, para acompanhamento e tomada de decisão quanto à Covid-19. Ela se baseia na orientação do Estado de Santa Catarina, nas informações do sistema regional de saúde, no aumento dos números de contágios, redução da capacidade de atendimento no Hospital referência regional diante  da pandemia do coronavírus. 

O comitê é composto por profissionais de saúde indicados por cada um dos 18 municípios da região e, visa dar suporte técnico às decisões de governo, como determina a legislação, federal e estadual. Cabe, no entanto, aos municípios editar os decretos com o regramento definitivo.

Segundo Ponticelli, Tubarão estuda o isolamento social mais restrito desde o momento em que a região da Amurel foi apontada, na semana passada, com índice gravíssimo de transmissão da Covid-19, junto com apenas outras duas regiões de Santa Catarina. "A partir disso, exige-se a tomada de decisões", destacou o prefeito durante a reunião. Ele ressaltou, ainda, que no último relatório divulgado nesta semana, Amrec e Amesc também entraram no índice de risco potencial gravíssimo, o que traz alerta às autoridades do Sul catarinense.

A paralisação é considerada uma medida bastante restritiva, e arrebanha críticas. Ainda assim, além de Tubarão, outros municípios da região se mostram favoráveis. "Precisamos frear a curva, e frear é fechar. Nós vamos ser rigorosos. Vamos fazer nossa parte, para manter os hospitais em condições de atender. O remédio é amargo, e vai ser amargo para todos. Se com todo o esforço salvarmos uma vida, já terá valido a pena", afirma Ponticelli.

Gestores da saúde reforçam necessidade de achatamento urgente da curva de transmissão do coronavírus na região

Durante a reunião virtual, as direções dos hospitais Nossa Senhora da Conceição e Socimed, além da clínica Pró-Vida e o secretário de Saúde de Tubarão, Daisson José Tevisol,  como está o quadro geral da área da saúde no município, e explicaram porque chegou-se à decisão de decretar a paralisação.

De acordo com o secretário de saúde de Tubarão, um mês atrás o município tinha 303 confirmados, contra 938 registrados ontem, dia 14. "Teríamos um cálculo de que chegaríamos a 1050 confirmados no sábado, dia 18, mas atingimos essa marca já hoje, dia 15. Tivemos o triplo de casos em 30 dias, e essa progressão será exponencial", explica Trevisol.

O gráfico trouxe o alerta às autoridades. "Conversamos entre a comissão regional que discute ações, e foram feitas diversas propostas. Mas este é o momento de agir de forma mais enérgica", destaca o secretário.

Trevisol explica que houve um aumento, ainda que pequeno, no número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do município. "Isso é responsabilidade do Governo do Estado, e ainda assim os prefeitos da Amurel decidiram fazer um novo credenciamento de leitos para oferecer aos cidadãos. Mas, mesmo assim, eles estão findando", destaca.

Não são apenas os leitos de UTI; também faltam insumos e medicamentos nos hospitais

Os hospitais também enfrentam outras dificuldades além da disponibilidade de leitos de UTI para casos de Covid-19. A equipe médica presente na reunião virtual chamou a atenção para o fato de que profissionais de saúde estão adoecendo durante a pandemia.

De acordo com o doutor Chafic Esper Kallas Filho, diretor técnico do Hospital Nossa Senhora da Conceição, ampliar o número de leitos e manter o mesmo hábito, sem equipes, não resolverá os problemas. "Estamos em nosso limite. Temos 55 profissionais afastados. Já solicitamos contratações, mas os profissionais que chegam agora ainda precisam ser treinados. Estamos próximos do colapso", avalia o médico.

A situação é parecida no hospital Socimed, onde 70% da capacidade de internação de pacientes de Covid-19 já foi atingida. "Nosso setor de enfermaria tem 60% de ocupação. Estamos com os mesmos problemas. Alguma coisa é preciso ser feita", destaca o doutor Fernando Delgado, diretor executivo do Socimed.

O doutor Fábio Tadeo Teixeira, diretor executivo do Hospital Nossa Senhora da Conceição, destaca que desde o início da pandemia o local estava preparado para um grande número de pacientes. O número de leitos de UTI aumentou de 30 para 50, e ainda assim o local está cheio. "Os pacientes vão chegar e não conseguiremos atender a todos. Vamos passar a ter pacientes em nossas portas", afirma o médico.

Com o aumento do movimento na unidade hospitalar, os profissionais também viram a oferta de medicamentos e insumos diminuir. "Não temos mais analgésicos. Estamos lutando para comprar. Se a curva não diminuir, teremos uma situação muito dramática em nossa região. Não podemos nos esquecer que além da Covid-19, temos que conviver com demais patologias. Então o coronavírus é apenas mais um agravante", destaca Teixeira.

Autoridades se reunirão com Secretário de Saúde do Estado nesta tarde

Às 15 horas desta quarta-feira, dia 15, autoridades da Amurel, Amrec e Amesc se reunirão com o Secretário de Saúde de Santa Catarina para tratar da propagação do coronavírus no Sul do Estado. Há, segundo Ponticelli, a necessidade de novos leitos, além de apoio na busca de insumos e medicamentos, que também estão em falta.

"Esperamos que o Governo do Estado possa nos dar uma resposta. É um momento de extrema dificuldade. Aguardávamos uma decisão mais firme e corajosa na segunda-feira, mas constatamos a omissão do governo", avalia o prefeito de Tubarão.