Moro sai atirando e compromete profundamente Bolsonaro
Demissão do ministro comprova atos de fraqueza de JMB, incluindo traição de principios
Foto: Marcello Casal Jr AGENCIA BRASIL
Saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça em claro conflito com Bolsonaro tem o efeito de um canhonaço na proa do barco governista, com avaria incontornável. As razões são graves, de acordo com o que falou Moro na coletiva de anúncio de sua saída:
1) Não assinou a portaria de demissão de Marcelo Valeixo. Seu nome estava lá de bobeira.
2) Valeixo não formalizou pedido de demissão. Portanto, foi à sua revelia.
3) Presidente quer interferir politicamente na PF por receio de investigações do STF.
4) Descumpriu tudo o que garantiu (carta branca).
O presidente, com isso, demonstrou fraqueza e falta de compromisso com a sua própria oratória. Ou seja: é inconfiável. E assim jogou, desde já, uma eventual reeleição no lixo da história.
Como tantos, não acho que isso seja o prenúncio de um retorno aos políticos de governos passados. No que acredito é a formação de um novo quadro, com rejeição do próprio Bolsonaro e seu séquito, filhos incluídos, e rejeição também dos radicais de oposição. E é sempre bom cogitar uma nova força ponderável que haverá de ser alimentada: Moro mesmo. Será assediado e, se aceitar, servirá como uma alternativa estupenda.
Credenciais mostrou. Não é para qualquer um renunciar a uma sólida carreira de 22 anos na magistratura pela simples vontade de estender e aprofundar o combate ao crime como ministro demissível. Por puro idealismo profissional.
Mas isso fica pra depois. Agora é ver como Bolsonaro se sustentará. E tá difícil.