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O isolamento pelo Coronavírus mudará nosso comportamento de consumo?

A quarentena provocará muitas reflexões que influenciarão o modo que compramos
O isolamento pelo Coronavírus mudará nosso comportamento de consumo?
Foto: Anna Shvets/Pexels
Por Andressa Fabris Em 28/03/2020 às 08:51

Desde que entramos em quarentena em função do COVID-19, tenho sentido vontade de escrever sobre as mudanças de comportamento, inclusive de consumo, que este período provocará. O fato é que não tive tempo. Parece estranho, pois o pensamento coletivo é que durante o isolamento todos estão com tempo de sobra. Não é bem assim. Além de não ter parado o meu trabalho, somou-se a ele outros afazeres que não entravam na minha rotina. E só agora, depois de mais de uma semana de isolamento, é que pude me dedicar a escrever o que penso sobre o que esta experiência pode provocar no comportamento das pessoas. Aliás, uma das coisas que observei, é que o que as pessoas sentiam nos primeiros dias já mudou. 

Normalmente, uso pesquisas de institutos especializados, mas penso que o COVID-19 não estava no radar quando divulgaram as tendências para 2020. Por isso, faço análises bem pessoais a partir de observações do que estava ao meu redor, em redes sociais e nos veículos de comunicação.

 

Imersão digital

Houve uma imersão digital durante a quarentena. Pessoas que eram resistentes à tecnologia tiveram que aderir às plataformas digitais, aprender a fazer reuniões remotas, a dar aulas on line, a assistir aulas on line, a usar e-commerce para as compras mais rotineiras, como as de supermercado. Isto provocará uma mudança na relação das pessoas com a tecnologia e com as experiências de compra. A conveniência, conceito já disseminado e destacado como essencial para o varejo, ficará cada vez mais em destaque. As pessoas mais conservadoras se deram conta de que não precisam sair de casa para fazer um produto chegar à sua casa. A educação on line passará a ser valorizada porque muitos foram forçados a testar o modelo neste período e gostaram. A telemedicina, tão confrontada por profissionais da área, passará a ser exigida pelos pacientes.

Conveniência à vista

Sim, ainda gostaremos de bater perna, de sair às compras, mas por prazer. O consumidor percebeu que aquelas voltas por obrigação não precisam ser feitas. O delivery vai entrar na rotina de qualquer negócio porque as pessoas vão querer usar o tempo para momentos de mais valor. O isolamento está mostrando o que tem valor na vida de cada um. 

Estar em casa é bom

Nos primeiros dias de isolamento, as pessoas diziam que estavam loucas para ir para a rua. Passados alguns dias, ouço depoimentos de quem está apreciando o convívio familiar e a própria casa. Mesmo com permissão para sair, podemos ter uma “reclusão” voluntária. 

Propósito em alta

Esta é a parte validada pelas pesquisas de tendências divulgadas antes do Coronavírus. Há algum tempo vemos um movimento em torno de propósito. É tema latente entre empresas e consumidores. Para uma boa parte dos consumidores, a compra precisa fazer sentido, precisa estar conectada com seus valores. Eu costumo dizer que, em qualquer empresa, uma crise acentua a sua essência, tudo fica mais evidente. Alguns vão se identificar com os valores da sua marca, outros irão rechaçá-los.

Aqui nós estamos em uma crise coletiva, o mundo todo foi impactado, e os consumidores estão observando as reações das marcas. Em uma semana de quarentena no Brasil, já surgiram boicotes a algumas marcas e outras sendo reverenciadas. Já começaram campanhas pela valorização de pequenos negócios e pelo produto nacional. Compre local tem a ver com consumo consciente também. Se as pessoas já se acostumavam a ler rótulos, agora serão provocadas a ler as etiquetas de todo e qualquer produto e identificar onde foi produzido.