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Subproduto do carvão vira material para fabricação de cimento em planta piloto

Projeto Pozolana será desenvolvido até 2016 no Iparque
Subproduto do carvão vira material para fabricação de cimento em planta piloto
Foto: Divulgação
Por Redação Engeplus Em 29/07/2015 às 08:47

Utilizar um dos subprodutos do carvão na indústria cimenteira, garantindo o uso de menos energia na fabricação de cimento e conferindo mais durabilidade às construções. Esta é a proposta do Projeto Pozolana, desenvolvido pelo Laboratório de Valoração de Resíduos (LabValora) do Instituto de Engenharia e Tecnologia, localizado no Iparque (Parque Científico e Tecnológico da Unesc). O projeto é inédito e nesta quinta-feira, às 19h30, uma planta piloto será inaugurada na Universidade.  

A pesquisa é coordenada pelos professores doutores Agenor De Noni Junior, Michael Peterson e Adilson Oliveira e tem a participação de alunos e egressos do curso de Engenharia Química e do Mestrado em Engenharia e Ciência de Materiais, ambos da Unesc.  

Pozolana é o nome dado a todo tipo de material que desenvolve características de cimento na presença de cal. A pozolana estudada no laboratório do Iparque é derivada de um subproduto do carvão, os argilominerais, que são separados do carvão, no processo de “lavagem” após a retirada da mina. “Hoje no Brasil as pozolanas usadas na fabricação de cimento vêm principalmente das cinzas de termelétricas”, comenta Oliveira.  

O nome das pozolanas é originário de rochas vulcânicas encontradas na região de Pozzuoli, perto do Monte Vesúvio, no Sul da Itália. Misturadas e moídas com cal, elas se transformam em um material cimentício e foram utilizadas pelos romanos em grandes obras como o Coliseu, a partir de 65 depois de Cristo. O material foi muito usado na Europa, até que no século 19, a fabricação do cimento foi iniciada na Inglaterra e o processo incorporou outras substâncias à mistura, levando ao material utilizado até hoje em construções, o chamado cimento Portland.  

Oliveira explica que a incorporação de pozolana na mistura do cimento Portland, o chamado cimento pozolânico, colabora com o barateamento do processo produtivo do cimento e o aumento da resistência das obras, já que a pozolana confere uma maior resistência e melhores propriedades ao material. “A pozolana é produzida a 900ºC, enquanto cimento comum é produzido a 1.400ºC, o que significa, no segundo caso, um maior custo e consumo energético, além de uma maior emissão de gás carbônico. Além disso, a produção de pozolana derivada do carvão ajuda a diminuir o volume de resíduos decorrentes da extração do mineral e oportuniza uma nova atividade econômica na região sul”, comenta o pesquisador.  

Montagem de usina para produção em grande escala

O Projeto Pozalana tem duração de dois anos – um deles para a pesquisa, já concluído, e outro para o estudo de viabilidade econômica, que será encerrado em julho de 2016 – e um investimento de R$ 4,6 milhões, com aporte de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de uma empresa do setor carbonífero da região. Ao término das atividades do Projeto Pozolana, a planta piloto permanecerá no Iparque e servirá para o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de resíduos do setor mineral e industrial.

 No projeto, a Unesc é a responsável pela parte de pesquisa, desenvolvimento do produto, da tecnologia de processamento e pelo estudo de viabilidade econômica para a montagem da usina. O projeto de pesquisa começou a ser desenvolvido em 2012 e ficou em análise no BNDES durante três anos antes de começar a ser desenvolvido. 

A intenção da empresa mineradora é construir uma usina com capacidade para a transformação de 600 toneladas/dia de minerais – que seriam descartados como resíduos do processo de extração do carvão – em pozolanas para a indústria cimenteira. “O projeto procurou a melhor tecnologia dentro de uma filosofia de inovação. A planta piloto possui equipamentos com tecnologias nacionais, acompanhada de instrumentos analíticos de ponta, alguns deles inclusive, existem apenas nos Estados Unidos”, afirma o pesquisador Agenor De Noni.

Colaboração: Milena Nandi/Comunicação Unesc