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Manifestação na Nereu deve pedir por melhor gestão cultural para Criciúma

Novo empasse surge no pagamento do evento Criciúma Rock, que ainda não foi realizado
Manifestação na Nereu deve pedir por melhor gestão cultural para Criciúma
Foto: Arquivo Engeplus
Por Mariana Noronha Em 09/07/2015 às 10:32

A classe cultural de Criciúma está a cada dia mais unida para lutar pelos seus direitos. Depois das manifestações como a da reforma do Centro Cultural Jorge Zanatta e ocupação da Galeria Octávia Gaidzinski, neste sábado, mais um protesto deve acontecer. Desta vez, a gota d'água para os artistas e gestores culturais foi mais um empasse em relação ao evento Criciúma Rock, que ocorreu em dezembro do ano passado. A verba ainda não foi liberada para pagamento dos músicos que se apresentaram no festival, e nesta semana outro entrave burocrático surgiu, o que pode gerar mais custos às bandas.

De acordo com o gestor cultural, músico, e um dos organizadores do evento, Alison Ronsani, a manifestação deste sábado, dia 11, será contra todos os descasos que vêm acontecendo com a cultura criciumense. O protesto intitulado de Não é só pelo Criciúma Rock será realizado na Praça Nereu Ramos. Um palco com equipamentos e instrumentos musicais estará disponível no local para manifestações públicas.

"Estaremos com um palco aberto para explanações, músicos, e quem quiser se manifestar. Será um protesto à nossa maneira, contra o descaso com a cultura de Criciúma e a falta de um nome que realmente represente a classe na Fundação Cultural de Criciúma (FCC). Será uma manifestação contra a ocupação da galeria, contra o descaso com a cultura popular e a descaracterização festa das etnias, contra o desrespeito ao nosso patrimônio material e imaterial, contra a espetaculização de datas comerciais, contra a falta de sensibilidade e zelo com as nossas artes, contra uma administração pobre de espírito, descomprometida e despreparada, contra o abuso de poder que oprime o Conselho Municipal de Cultura, contra os convênios apadrinhados, entre outros", diz.

Entenda o caso do Criciúma Rock

O Criciúma Rock é um festival de música autoral que teve sua terceira edição realizada nos dias 28 e 29 de dezembro de 2014 , em Criciúma, com a participação de 15 bandas de cidades da região sul do Estado. Ele foi inscrito em um programa de incentivo a cultura da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina (SOL), o SIGEF, no dia 31 de dezembro de 2013, tendo como proponente a Fundação Cultural de Criciúma. A divulgação dos projetos aprovados estava marcada para junho de 2014, início da execução para 10 de junho e término dia 31 de dezembro de 2014. Mas, os aprovados só foram divulgados no mês de agosto.

A data prevista para o evento era nos dias 13 e 14 de setembro, que teve que ser prorrogada também. O projeto aprovou em verba mista a quantia de R$ 95.527,19 com 32% de contrapartida da Prefeitura da cidade e o restante do Estado, que significava a quantia R$ 64.012,77. O valor era para pagamento da estrutura, cachê das bandas e pareceristas para seleção das bandas. A duas semanas do festival e com os prazos de licitação vencidos, chega a informação de que a verba não entrou e não poderia ser realizado o festival em setembro. Decidido em reunião, foi organizada uma comissão para ir a Florianópolis pedir esclarecimentos ao Secretário de Cultura do Estado, Felipe Mello. Na reunião, Mello informou, que, devido um erro de elaboração no contrato do consorcio, ele estava inválido e que a situação teria se agravado pois a Secretaria da Fazenda do Estado não teria feito os repasses para a SOL e que a verba não sairia.

Nesse processo todo, foi decidido cancelar o festival. Mas, de repente, a verba foi depositada no dia 11 de dezembro, sendo que o projeto teria que ser executado ainda no ano vigente. Em uma força-tarefa a divulgação foi para a rua, as contratações feitas e, com muito empenho e sucesso, o festival foi realizado nos dias 28 e 29 de dezembro de 2014. Um dia depois da liberação, no dia 12 de dezembro, a organização enviou uma solicitação de prorrogação da vigência do contrato para até 30 de março de 2015 por conta de as notas fiscais só poderem ser emitidas no dia do evento ou após o mesmo, o que o prazo não permitiria, além de todos os procedimentos burocráticos da prestação de contas de um projeto desse valor. Na volta das férias coletivas o pedido ainda não tinha sido respondido.

A liberação desta solicitação foi dada somente no dia 11 de junho, desse ano, seis meses depois do evento. Já com a verba nas contas do município, nesta semana, em entrevista à Rádio Som Maior, o presidente da FCC, Júlio Lopes, noticiou que o secretário de finanças e o contador da Prefeitura informaram que as notas não valiam mais e teriam que ser tiradas novamente. Em uma reunião, não houve posição concreta de resolução do problema.*

*Informações de Alison Ronsani