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Ceramistas paralisam atividades na região

Atualizada: Novecentos profissionais estão parados. Adesão irá aumentar nas próximas horas
Ceramistas paralisam atividades na região
Foto: Divulgação
Por Douglas Saviato Em 14/03/2014 às 11:00

Começou nessa quinta-feira a greve dos ceramistas na região. Cerca de 900 profissionais da empresa Portinari, de Criciúma, estão de braços cruzados, uma adesão de 100% dos funcionários. Ao longo desta sexta-feira, profissionais da Eliane Porcelanato, de Criciúma, irão parar as atividades também. Na Região Carbonífera são oito empresas e 5,5 mil ceramistas. No entanto, duas empresas da região não aderiram à greve, pois houve acordo entre funcionários e patrões. Nas empresas Pierini e Elizabeth, a produção não irá sofrer alterações nos próximos dias.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ceramistas, Itaci de Sá, a categoria pede um aumento salarial de 10% geral, R$ 850 de abono de férias e um intervalo de uma hora para lanche. Segundo o presidente, cerca de três empresas concedem 40 minutos para o lanche.

A classe patronal ofereceu aos trabalhadores que ganham até R$ 3 mil, 8% de reajuste, contando com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 5,56%. Para quem ganha entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, o reajuste proposto é de 5,56%, ou seja, apenas o INPC, sem aumento real. De acordo com o diretor técnico do Sindicato das Indústrias de Cerâmica de Criciúma (Sindiceram), Ênio Coan, ano passado, foi concedido 10% de aumento aos trabalhadores, sendo que 1% deste reajuste era um adiantamento para 2014, portanto, neste ano, a categoria deveria acertar com o valor de 9%, mas empresas oferecem R$ 8. “Por causa de um 1% não teve acordo ainda”, pontua.

De acordo com Coan, a classe patronal apresentou oito propostas diferentes, esgotando a possibilidade de negociação. “Nos últimos nove anos, foram 25% de aumento salarial para a categoria, que tem o maior piso do Estado de Santa Catarina”, destaca. Como não houve acordo entre o sindicato e o patronal, a Justiça Trabalhista de Criciúma irá enviar para Florianópolis a proposta do dissídio coletivo da categoria. “Não havendo acordo, a Justiça julga o dissídio e determina o índice de reajuste”, explica. Ainda conforme Coan, 1% para uma empresa é um valor muito alto. “Para uma empresa de grande porte, 1% representa milhões”, pontua.

Em nota, a assessoria de imprensa da Cecrisa Revestimentos Cerâmicos S.A, afirma que os ceramistas chegam à fábrica e são impedidos de trabalhar pelo sindicato; "100% dos trabalhadores da indústria cerâmica foram às fábricas no início dos turnos e foram impedidos de trabalhar pelo Sindicato dos Trabalhadores. A greve começou após a rejeição da proposta de 8% oferecida pelo Sindiceram. A proposta do Sindicato permanece mais uma vez acima das médias de mercado. Mesmo assim, o Sindicato dos Trabalhadores insiste na paralisação.

As cerâmicas da região passam por diversas dificuldades. Algumas como a Cecrisa, Eliane, Gisele e Gabriela possuem altas dívidas. Outras passam pelo processo de regime de recuperação judicial. Além deste ponto, os salários das indústrias cerâmicas da região estão acima da média do mercado, em especial comparando-se com os salários de indústrias cerâmicas de outras regiões.

O presidente do Sindiceram, Otmar Müller comenta que os funcionários estavam dispostos a trabalhar e foram coagidos a não entrarem nas fábricas. “As pessoas que estão em frente às fábricas não são trabalhadores da indústria cerâmica, são de outras categorias que estão apenas colaborando para causar tumulto”, destaca Müller.

O presidente destaca ainda que as negociações seguiam normalmente e que a paralisação é desnecessária. “O Sindicato dos Trabalhadores está sendo incoerente e inflexível nas negociações salariais, nossa proposta de reajuste está acima de nossas capacidades considerando a situação econômica das cerâmicas da região”".