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De malas prontas para o Japão, Henik lamenta fim do seu ciclo no Tigre

“Fiquei chateado, porque queria permanecer no Criciúma”, diz jogador
De malas prontas para o Japão, Henik lamenta fim do seu ciclo no Tigre
Foto: Marcelo de Bona
Por Marcelo de Bona Em 18/01/2014 às 17:00

Revelado pelas categorias de base do Criciúma, o volante Henik teve o seu ciclo no Tigre encerrado após cinco anos de clube. Sem conseguir renovar o seu contrato, vencido no último dia 10 de dezembro, o jogador embarca no final desta tarde rumo ao Japão para assinar contrato com o Gifu, clube da segunda divisão do futebol japonês.  

“Fiquei chateado, porque queria permanecer no Criciúma e ser valorizado. Minha intenção era renovar por dois anos. Mas eles queriam renovar por apenas um ano, e pelo mesmo valor. No planejamento deles o meu salário não iria aumentar. Existia até a possibilidade de um ganho por produção, mas isso se faz com jogador que ainda é desconhecido, não sou mais um jogador de aposta. Como não houve acordo, começaram a chegar propostas de times das Séries A e B do Brasil, do leste europeu, e uma outra do Japão, onde fui muito bem valorizado. Não queria sair do Criciúma, sou estabilizado aqui, a família da minha esposa é daqui, tenho muitos amigos, minha vida está aqui, então não tinha motivo para sair do Criciúma”, lamenta o jogador.

Conforme Henik, a valorização seria justa por toda a sua história no Criciúma. “Na realidade o meu salário não era padrão Série A. Sem querer julgar os outros jogadores que vem para cá, mas não ganhava 10% do salário deles. Queria a valorização não pelos jogos que fiz na reta final do Brasileirão, mas pelos meus cinco anos de clube, e por toda uma história, desde quando peguei o Criciúma quase fechando as portas, até agora na Série A. Mas não tenho nada contra ninguém do novo departamento de futebol, respeito, desejo sucesso, torço para que o trabalho deles venha a dar resultado. Só levo boas lembranças daqui, não tenho nenhuma mágoa, e deixo as portas abertas”, pontua o volante.

De acordo com o gerente de futebol do Criciúma, Guto Silva, Henik recebeu a mesma valorização dos outros jogadores que renovaram com clube, e ainda poderia ter 100% de aumento de acordo com a sua produção em campo. “Foi feita uma proposta para o Henik, em que ele ganharia em uma questão de produção, podendo até dobrar o salário dele. Seria um aumento para o Estadual e outro para o Brasileiro. Teria um reajuste sim, compatível aos jogadores que permaneceram aqui”, assegura o dirigente tricolor.

Apesar de chateado por ter deixado o estádio Heriberto Hülse, o jogador diz que, por outro lado, poderá realizar o sonho de jogar fora do Brasil. “Estou triste por não ter renovado, mas feliz por realizar o sonho de criança de jogar no exterior. O Gifu é um time que tem o objetivo de subir para a Série A. Pretendo fazer história e contribuir para que esse clube possa crescer, e não apenas ir lá passear”, almeja o atleta.

No Japão, Henik contará com o apoio dos ex-colegas de Criciúma, Matheus Ferraz que está defendendo o F.C. Tókio, e do atacante Lins, que foi apresentado nesta semana no Gamba Osaka. “Lá vamos ficar próximos, cerca de uma hora de carro, mas já fiquei sabendo que tem o trem bala, que leva apenas 20 minutos. Com certeza, nos momentos de folga vamos nos encontrar, matar a saudade e conversar, até porque já temos bastante intimidade”, conta o jogador.  

Trajetória no mundo do futebol

O garoto, do pequeno município de Astorga, apoiado por uma tia que mora em Balneário Camboriú, deixou o interior do Paraná aos 13 anos e veio tentar realizar o sonho de se tornar jogador em Santa Catarina. Sua trajetória no mundo do futebol teve inicio em escolinhas, onde Henik começou a demonstrar o seu potencial e alguns anos depois passou a integrar a equipe juvenil do Figueirense.

O jogador permaneceu no Furacão do Estreito até o seu primeiro ano de júnior, depois foi oferecido por um agente Fifa ao então técnico do time júnior do Criciúma, Wilson Vaterkemper. “Cheguei ao clube em fevereiro de 2008, na época tinha 18 anos, e estava no meu segundo ano de juniores. O Wilsão gostou do meu futebol, e me deu uma oportunidade para iniciar a minha história no Criciúma. Assinei meu primeiro contrato profissional no clube, em 2009”, recorda Henik.

“Em 2009 joguei alguns jogos do Catarinense e o Brasileiro da Série C. Mas foi em 2010, com a chegada do Argel (Fucks), que tive mais oportunidades, e conseguimos o acesso para a Série B. Depois joguei o Estadual de 2011 e 23 jogos da Série B, quando por muito pouco nós não subimos para Série A. Em 2012, comecei o Catarinense, mas o Mauro Fernandes me procurou, ele tinha treinado o Criciúma em 2011, e me ligou dizendo que queria me levar de qualquer jeito para o Vila Nova (MG). Aceitei a proposta, e foi muito bom, porque foi a minha primeira experiência profissional fora do Criciúma, foi legal até para pegar uma ‘bagagem’. Joguei seis jogos e conseguimos manter o time na elite do futebol mineiro. Retornei ao Criciúma no Brasileiro da Série B, o Comelli (Paulo) era o treinador, fui titular no primeiro treino. Mas, dessa vez, foi o Márcio Goiano que ligou me convidando para ir com ele para o ABC, de Natal. Aceitei a proposta e tive uma temporada muito boa. Só não foi excelente porque as tendinites que eu tinha nos joelhos aumentaram. Quando retornei ao Criciúma, em janeiro de 2013, passei por cirurgia nos dois joelhos”, completa.

Após a lesão, o jogador viveu um de seus piores momentos no Tigre, mas permaneceu trabalhando forte e aguardando uma oportunidade de mostrar o seu potencial. “Havia uma desconfiança muito grande. Muitos achavam que não iria voltar bem, que não seria aquele Henik pegador, que não conseguiria correr. Mas graças a Deus, com o apoio da minha esposa, da minha família, dos amigos, e creio que também da cidade, onde me sinto em casa, isso tudo me ajudou muito, e consegui me recuperar bem e voltar fortalecido aos gramados. Voltei a treinar em março, tive uma lesão na coxa e fiquei umas duas semanas parado. Quando me recuperei precisava de uma oportunidade, respeito o Vadão, acho ele um grande treinador, respeito o trabalho dele, mas eu estava totalmente fora do contexto, nem no time de baixo eu entrava. Só que o auxiliar dele (Vaguinho) me elogiava muito nos treinos. Então, eu ficava naquela de que uma hora a minha oportunidade iria chegar e continuei trabalhando forte como sempre foi a minha postura”, conta o jogador.

Após a queda de Oswaldo Alvarez, Henik teve a sua primeira oportunidade de mostrar seu futebol. “Quando o Sílvio Criciúma assumiu ganhei uma oportunidade e entrei no segundo tempo no jogo contra o Internacional, depois tive outra chance no jogo contra o Internacional, e consegui agradar a torcida. Depois, no jogo contra o Santos, o time estava perdendo de 2 a 0, e não esperava entrar. No intervalo, ele me chamou e me colocou no jogo. O nosso time se encaixou, saiu mais, fez um gol, tivemos oportunidade de empatar, não conseguimos, paciência, mas o time mudou. Lembro que na viagem de retorno o Sílvio falou que eu seria titular na partida contra o Atlético Mineiro. Só que o Argel chegou na véspera do jogo”, revela Henik.   

“Com a chegada do Argel (Fucks), sabia do carinho dele por mim, até porque nos momentos em que ele precisou pude contribuir com o trabalho dele. Ele tem uma confiança em mim, e quando ele chegou procurou dar oportunidade para todos, e por tudo que aconteceu em 2010 sabia que teria uma chance, que ele não iria me descartar. Inclusive, quando ele saiu daqui em 2010, ele tentou me levar para quatro times, mas o Criciúma não liberou. Então, esperava uma oportunidade, e quando ela chegou agarrei com unhas e dentes. A cada jogo fui ganhando mais confiança, e me doando como se fosse o último jogo da minha vida. Consegui render da forma como ele queria, acredito que agradei a torcida, e fiquei muito feliz de ter deixado o Criciúma na Série A. Não queria ver o Criciúma ser rebaixado, aprendi a amar esse clube de coração, porque foi um clube que me deu oportunidade de mostrar o meu futebol. Hoje estou indo embora, mas quero que o torcedor lembre que todos os jogos que fiz foram com amor e garra. Tenho um carinho muito grande por essa torcida, por essa cidade, minha casa fixa está aqui, minha vida é em Criciúma, estou indo embora, mas espero um dia voltar, ajudar ainda mais o Criciúma, e tenho o sonho de encerrar a minha carreira no local onde comecei”, garantiu Henik antes da sua despedida de Criciúma.