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Tecnologia made in Inglaterra em Cocal do Sul

Econômica e prática, fachadas ventiladas chamam atenção na Expo Revestir
Tecnologia made in Inglaterra em Cocal do Sul
Foto: Denis Luciano
Por Douglas Saviato Em 13/03/2014 às 08:00

No mundo da tecnologia aliada à cerâmica, uma fachada não é simplesmente uma fachada. Tampouco uma parede interna. Esses elementos podem, norteados pelas últimas tendências, oferecer conforto, economia, praticidade e uma beleza ímpar sob o rótulo das fachadas ventiladas. Este é um dos novos lançamentos da Eliane Técnica, que vem atraindo muita atenção no estande da cerâmica de Cocal do Sul na Expo Revestir, em São Paulo. “Em uma condição extrema, de um terremoto, essas placas se movem até 10,5 centímetros, mas a cerâmica não quebra”, confirmou o expositor inglês Damian Llewellyn, consultor em arquitetura da Shackerley Limited, líder no mercado da Grã Bretanha de inovação tecnológica em ambientes.

“O princípio é simples. Fixa-se nas paredes barras metálicas, e nelas os pisos são postos, com buchas especiais que não quebram a cerâmica nem cedem”, explica Sérgio Ruzza, coordenador de Design e Portfólio da Eliane, entusiasta do produto. “No modelo exposto aqui, optamos por revestir a fachada ventilada com um piso Cristalato de alto padrão, de 70 quilos, que resiste bem na estrutura metálica”, comenta.

Uma das vantagens das fachadas ventiladas, que além de distantes da parede permitem um espaço entre os pisos, é a economia de energia elétrica. “Como o piso e o revestimento não são fixados na parede, mas sim suspensos dela por essa estrutura metálica, o calor externo não penetra no ambiente, e o ar condicionado terá rendimento melhor com menos potência, induzindo à economia”, revela Sérgio. As fachadas da Shackerley, que em breve começarão a ser produzida na fábrica da Eliane em Cocal do Sul, geraram à empresa um reconhecimento real. A rainha Elizabeth II conferiu á empresa o título de Empresa de Honra da Coroa Britânica. “Ficamos orgulhosos, mas nossa responsabilidade aumentou”, arrematou Llewellyn. A fachada ventilada é uma exclusividade nacional da Eliane, e ocupa um corredor do estande da cerâmica na Revestir.

Hydrotect, o piso inteligente do Japão - Existe piso auto limpante? E ainda sustentável, fazendo uso da água da chuva para este fim? A nanotecnologia e os japoneses que estão no estande da Eliane, na Expo Revestir, dirão que sim. Um pó super diluído na composição química da superfície do piso, e queimado a 800 graus, resultará no HydroTect, um produto que tira proveito das chuvas para ser limpo. “A sujeira não fica aderida em um piso deste, pois a adição química muda o ângulo de formação das gotas de água. Quando a chuva bate, ela lava o piso”, informa Jatsuo Ajimoto, consultor da empresa japonesa que traz o HydroTect para o Brasil em parceria com a cerâmica Eliane.

O composto tem adição de dióxido de titânio, cobre e prata, e colabora também para controlar odores de ambientes como banheiros e hospitais. A sustentabilidade é outro fator resultante do uso do HydroTect. “Uma casa com 150 metros quadrados revestida com HydroTect purifica a mesma quantidade de ar que uma floresta plantada em um campo de futebol, ou então despolui o equivalente à emissão de gases de 12 carros percorrendo, cada um, 30 quilômetros diários”, conta Ajimoto, orgulhoso, enquanto atende um grupo de clientes de Minas Gerais, bastante interessados no produto.

“Tanto o HydroTect quanto a fachada ventilada são produtos de alto padrão, que a Eliane fabrica em Cocal do Sul, e que cabem para condomínios, casas e prédios comerciais”, observa Sérgio Ruzza.

Os golaços da arquitetura na copa - Ícones da arquitetura brasileira foram escalados pela Revista Projeto Design para integrar, na tarde de ontem, o V Fórum Arquitetura da Copa. O evento começou tímido, em 2009, para discutir os projetos de estádios para a Copa do Mundo no Brasil, e ganhou realce neste ano, sendo integrado à programação da Expo Revestir. As saídas criativas para barreiras impostas por leis, governos e interesses locais, além da natural pressão da Fifa, foram pano de fundo do trabalho da arquitetura para viabilizar a Copa.

“Como Brasília é patrimônio da humanidade tombado pela Unesco, para mexer no eixo urbano somente as empresas que projetaram Brasília. E os aparelhos esportivos foram projetados por meu saudoso pai. Logo, meu escritório foi convocado para projetar o novo Estádio Nacional de Brasília”, conta Eduardo Castro Mello, da Castro Mello Arquitetos.

O arquiteto Sérgio Coelho, da GCP Arquitetos, responde pelo projeto da Arena Pantanal, em Cuiabá, com o desafio de conciliar interesses locais com o pesado caderno de encargos da Fifa. “Fizemos arquitetura responsável, não nos envolvemos com problemas políticos, de governo. Fizemos um estádio 100% com capital público, sem parcerias privadas, e respeitando regras de paisagismo e sustentabilidade. Fomos os primeiros a começar a obra, em abril de 2010, e seremos o penúltimo estádio a ficar pronto”.

Houve quem entrasse por acaso na ciranda dos arquitetos da Copa. “Fizemos um projeto de remodelação do Beira Rio para o presidente do Internacional, ele gostou. Meses depois, a Fifa foi a Porto Alegre e a nomeou sede do Mundial, com o nosso projeto. Foi uma surpresa”, diz o arquiteto Fernando Balvedi, do Hype Studio, da capital gaúcha.

Desafio mesmo enfrentou a equipe do arquiteto Daniel Fernandes, da Fernandes Arquitetos Associados. Eles precisaram remodelar o Maracanã. “Ficamos muito tempo respondendo os críticos das mudanças. Enfrentamos muita resistência à demolição da marquise original, bolamos um projeto alternativo, mas ao final conseguimos demolir. Pelas resistências, tivemos que mudar o projeto do estádio três ou quatro vezes”, revela Daniel, que responde ainda pela Arena Pernambuco, em Recife. Integraram o Fórum, ainda, os arquitetos Marc Duwe (Arena Fonte Nova, Salvador), Ralf Amann (Arena Amazônia, Manaus) e Bruno Campos (Mineirão, Belo Horizonte).

Experiência local em estádio - Guardadas as proporções com a Copa do Mundo – a Cerâmica Atlas, de São Paulo, revestiu com ladrilhos vários dos estádios do Mundial –, a Pierini Revestimentos, do Rio Maina, tem sua experiência local de intervenção em estádio. Coube à Pierini, com sua equipe, desenvolver e implantar o novo revestimento externo do estádio Heriberto Hülse. “Fizemos dois projetos, este foi aprovado pelo Criciúma”, comenta, orgulhoso, o empresárioEstevão Pierini. Produto semelhante está no catálogo da Pierini na Expo Revestir.

Muro de lamentações e esperanças - Nos dois primeiros dias de Expo Revestir, corredores lotados desde a abertura dos pavilhões do Transamérica Expo Center, às 10 horas, até o fechamento, às 19 horas. O público jovem que circula é de arquitetos, designers e estudantes, ávidos consumidores das novidades que congestionam os estandes. Eles perguntam tudo o que podem, fotografam, cercam os profissionais como seus grandes ídolos e cativam esperanças.

“Precisando de emprego. Design de interiores”, escreveu Fabiana Bueno, de Caieiras, São Paulo. Abaixo, ela escreveu o telefone. Como Fabiana, muitos outros que procuram oportunidade fizeram uso do espaço interativo que a Eliane instalou na Revestir. “É um espaço para livre expressão. Tem até reclamação contra o preço do estacionamento e o trânsito ali. Assim, a gente cativa a liberdade, fundamental para a criação dos nossos produtos”, assinala o coordenador Sérgio Ruzza.

Colaboração: Denis Luciano/Evento tem cobertura especial do Portal Engeplus, Jornal da Manhã, Rádio Eldorado e TV Litoral Sul