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Sem decisão unânime, BC decide reduzir juro para 16,5%

Por Estadão Em 09/03/2006 às 10:34
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu hoje reduzir a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 0,75 ponto porcentual. Com isso, a taxa, que estava em 17,25% ao ano, passou para 16,5% - menor nível desde setembro de 2004, quando o juro estava em 16% e foi elevado para 16,25% ao ano. Desta vez, a decisão dos membros do Comitê não foi unânime. Seis membros votaram pelo corte de 0,75 ponto porcentual e três queriam um corte mais agressivo, de 1 ponto porcentual. A última vez em que houve divisão no placar do Copom foi na reunião de dezembro de 2005, quando a taxa caiu de 18,50% para 18% ao ano, e dois diretores votaram a favor de uma queda de 0,75 ponto percentual (sendo que um não participou, por licença médica).

O Comitê não incluiu viés na taxa, o que significa que os juros ficarão neste patamar até a próxima reunião do Copom, marcada para os dias 18 e 19 de abril. Esta é a 6ª queda consecutiva dos juros. Os cortes começaram em setembro, quando a Selic foi reduzida de 19,75% para 19,50% ao ano. Com a decisão de hoje, o corte dos juros chega a 3,25 pontos porcentuais.

O comunicado da decisão foi o seguinte: "Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária iniciada na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 16,50%, sem viés, por 6 votos a favor e três votos pela redução em um ponto percentual". O texto do comunicado foi muito parecido com o da reunião anterior, mas omitiu a informação de que o Copom iria "acompanhar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos na estratégia de política monetária implementada desde setembro de 2005".


Juros ao consumidor
Mas este corte da Selic ainda não chegou ao consumidor. Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que, apesar desta redução da Selic, as taxas do cheque especial, crediário de lojas e empréstimo pessoal em bancos subiram. No cheque especial, de 157,18% para 157,76% ao ano (alta de 0,37%). No comércio, passaram de 103,97% para 104,66% ao ano (alta de 0,66%) e as taxas de empréstimo pessoal em bancos foram de 94,93% para 95,60% ao ano (alta de 0,71%).

De acordo com Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, dois fatores podem ter levado os juros a subirem. Houve um grande aumento na demanda por crédito (com maior demanda, a tendência é o crédito ficar mais caro, ou seja, os juros subirem) e houve também um pequeno aumento nos níveis de inadimplência, o que pode ter deixado os bancos mais cautelosos.

Oliveira acredita que as taxas cobradas do consumidor devem permanecer altas no médio prazo e não vão acompanhar as reduções da Selic. A partir do segundo trimestre, a diferença entre a Selic e o juro cobrado do consumidor pode começar a diminuir, acredita ele.

Segundo Oliveira, um dos principais motivos para o encarecimento do crédito foi a altíssima demanda por financiamentos - o crédito cresceu 37% em 2005, chegando a 30% do PIB. Só entre dezembro de 2005 e janeiro de 2006, o crédito para pessoa física cresceu 3,2%.