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A Cura não convence como suspense ou thriller psicológico

Filme está em cartaz nos cinemas da região
A Cura não convence como suspense ou thriller psicológico
Por Redação Engeplus Em 23/02/2017 às 09:02

ESPECIAL / Willian Bongiolo

Filmes que adoram brincar com a sanidade do personagem principal não são novidade. Vemos isso desde os tempos remotos do cinema com O Gabinete do Doutor Caligari (1920) e mais recentemente com o cultuado Donnie Darko (2001). O que esses dois filmes têm em comum é a brincadeira com o que é real ou não na mente de seus protagonistas. A Cura tenta fazer algo parecido, mas erra em não saber desenvolver uma história coerente em meio ao caos da mente do seu protagonista.

A história gira em torno de Lockhart um jovem e ambicioso executivo que é designado para buscar um importante CEO da empresa em um centro de bem-estar. Ao chegar lá, no entanto, ele se vê em meio a um lugar estranhamente calmo e com um mistério macabro. Quando ele descobre algumas pistas, a sua própria sanidade é colocada em jogo. Isso resume bastante o que esperar do longa (e bota longa nisso, são duas horas e meia de filme).

A estranheza do "centro de cura" é composto pelas cores chapadas e uma arquitetura de séculos passados. Além disso, o diretor Gore Verbinski ostenta toda a beleza dos alpes suíços para empregar planos naturais de tirar o fôlego e fascinar o espectador por alguns minutos, até novamente nos colocar em sua trama mesquinha e seus toques irritantes.

O roteiro é de longe a parte mais problemática do filme. Nem ao menos nos apresenta os três atos tradicionais. Assim que Lockhart chega ao centro de cura e coisas estranhas começam a acontecer, o longa desiste de seguir em frente para abrir tramas paralelas que não levam a lugar algum. É uma repetição incessante de cenas de tortura, pessoas submersas e fotografias antigas pipocando na frente do espectador sem motivo.

E o que falar do seu desfecho? Julgando a inteligência das pessoas, o vilão verbaliza seu plano maquiavélico para uma das personagens, mas não satisfeito com isso ele tem que novamente dizer a mesma coisa quando outro personagem chega em cena, para todos ficarem sabendo de seu plano idiota.

Já a direção de Verbinski é involuntariamente engraçada. Ao acreditar estar fazendo algo extraordinário, ele filma A Cura com uma inquietação irritante. Toda hora um novo enquadramento metafórico para fazer o espectador pensar: são pacientes dançando todos de branco, reflexo em um olho de animal de pessoas conversando, ou simplesmente personagens aparecendo apenas como reflexo em um espelho? Tudo isso sem um respiro. Se alguém parar para pensar em A Cura, vai ver que o longa não tem sentido algum.

Por fim, o filme não serve como suspense, terror ou paranoia psicológica. Há ainda uma tentativa pífia de fazer referências à Ilha do Medo de Scorsese e Laranja Mecânica de Stanley Kubrick. Em uma vã tentativa de tentar dar uma significação para o longa, o que Verbinski consegue é ser, no máximo, um Shyamalan piorado.