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A Qualquer Custo traz gênero Western de volta às telonas

A Qualquer Custo traz gênero Western de volta às telonas
Por Redação Engeplus Em 15/02/2017 às 09:22

ESPECIAL / Willian Bongiolo

O Bangue-Bangue é um gênero de filmes que já foi muito famoso, mas ultimamente tem tido poucos exemplares nos cinemas. A Qualquer Custo pega esse gênero e o traz para a modernidade. Se antes tínhamos perseguições a cavalo, aqui temos de carros. Se antes tínhamos troca de tiros, aqui também temos, mas com armas modernas. Isso faz com que esse longa seja um ótimo Western Moderno, gênero que há dez anos já nos presenteava com a obra prima Onde os Fracos Não Têm Vez.

Aqui acompanhamos dois irmãos em busca de dinheiro para salvar o rancho da família que foi penhorado pelo banco. Os dois decidem assaltar vários bancos até juntar o dinheiro necessário, porém cruzam com um delegado querendo encerrar sua carreira. A ironia do roteiro em ter que roubar bancos para pagar o próprio banco já registra quem será o principal vilão do longa: o sistema financeiro. Isso é reforçado pelas várias placas no meio da estrada, com os dizeres amigáveis “venha fazer um empréstimo conosco”, mas, obviamente, sempre ocultando os juros.

Outro atrativo são os paralelos que o diretor Mackenzie faz ao filmar várias vezes os dois irmãos sentados em alguma varanda conversando, assim como o faz com o delegado e seu companheiro, ocultando a velha máxima de “mocinho versus bandido” e mesclando esses dois adjetivos para representar seres humanos com um propósito na vida. A fotografia retrata o calor do Texas com uma palheta de cores quentes e amareladas, contrastando com cores azuis e gélidas dos bancos, o que reforça a ideia da falta de humanidade e empatia das entidades financeiras para com as pessoas.

Contudo, A Qualquer Custo funciona muito mais como um entretenimento de gênero do que como uma crítica aos bancos. As cenas de ação evitam cortes rápido e secos, deixando mais fluído e de fácil entendimento. A dinâmica entre os dois irmãos e os companheiros de profissão são boas e nos faz querer torcer pelas duas duplas. Já a crítica aos bancos nunca sai do lugar comum, e é apenas enfatizada por textos pouco elaborados como “Estão roubando um lugar que me rouba todos os dias”.

 

Por fim, o filme é um ótimo longa sobre dois irmãos que buscam justiça contra um sistema financeiro inteiro que oprime os mais pobres. Com boas cenas de ação e doses homeopáticas de humor é um excelente passatempo pra quem sente saudades do gênero Western. Mas nunca, realmente, chega aos pés de seu “irmão mais velho” Onde os Fracos Não Têm Vez.